Estudo revela queda de mais de 50% no potencial pesqueiro da bacia do Paraná

Atividades humanas favorecem espécies invasoras e ameaçam a biodiversidade e a economia local

Um estudo recente publicado na revista *Nature Ecology and Evolution* trouxe à tona um alerta importante sobre a perda do potencial pesqueiro na bacia do rio Paraná. Com base em dados coletados ao longo de 21 anos, a pesquisa evidencia que as atividades humanas, especialmente a expansão agrícola, têm provocado uma profunda alteração na composição das comunidades de peixes da região.

Segundo os pesquisadores, a substituição de peixes nativos de grande porte por espécies invasoras menores e menos valorizadas economicamente tem causado um impacto direto na biodiversidade e no rendimento da pesca local. Espécies como o dourado (Salminus brasiliensis), o pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e a curimba (Prochilodus lineatus), que desempenham papéis essenciais no equilíbrio ecológico e possuem alto valor comercial, estão desaparecendo. Em seu lugar, espécies exóticas como a tilápia (Oreochromis niloticus) e a pescada-amazônica (Plagioscion squamosissimu) proliferam, mas com menor importância funcional e econômica.

Victor Saito, docente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coautor do estudo, destaca que “o que estamos vendo é uma substituição das espécies nativas por invasoras, comprometendo o funcionamento dos ecossistemas e o sustento das populações humanas que deles dependem”. Já Dieison André Moi, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e primeiro autor do trabalho, explica que essas espécies invasoras toleram ambientes degradados, mas não substituem os papéis ecológicos nem o valor comercial dos peixes nativos.

Além da perda da biodiversidade, a pesquisa aponta que o valor econômico da pesca na região do alto Paraná caiu mais de 50% entre 2002 e 2022. Isso significa menos alimento, menos renda e maior tensão social, especialmente para as comunidades que dependem da pesca comercial e esportiva.

O estudo também ressalta que a degradação dos rios está ligada à transformação da paisagem, como o desmatamento das matas ciliares, o uso intensivo de insumos químicos e o aumento da sedimentação nos cursos d’água. Esses fatores alteram as condições físicas e químicas dos habitats aquáticos, tornando-os menos favoráveis para as espécies nativas.

Gustavo Romero, docente da Unicamp e autor sênior do estudo, reforça que “não está em risco apenas a diversidade biológica, mas também a funcionalidade dos ecossistemas e o bem-estar das populações humanas que dependem diretamente desses ambientes”. Ele destaca que rios equilibrados sustentam comunidades mais resilientes e sociedades mais saudáveis.

Os pesquisadores alertam que esse cenário pode se repetir em outras bacias brasileiras, como Amazônia, Pantanal e Caatinga, e defendem a adoção de políticas públicas integradas para reverter essa tendência. Entre as medidas sugeridas estão a restauração das matas ciliares, práticas agrícolas sustentáveis, controle de espécies invasoras e fortalecimento da pesca artesanal.

Este conteúdo foi elaborado com base em dados da assessoria de imprensa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

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