Mulheres Huni Kuin unem ancestralidade e inovação em oficinas culturais no Acre
Projeto no Alto Rio Jordão fortalece protagonismo feminino indígena por meio da arte, moda e saberes tradicionais
Com base em dados fornecidos pela assessoria de imprensa, o “Projeto Casa de Cultura Artes e Saberes Ancestrais” está promovendo um importante encontro cultural entre os dias 23 e 31 de maio na aldeia Novo Natal, localizada no Alto Rio Jordão, Acre. A iniciativa visa integrar a ancestralidade das mulheres Huni Kuin com práticas contemporâneas, fortalecendo o protagonismo feminino indígena e a preservação da cultura local.
Os Huni Kuin, a etnia indígena com maior população no Acre, são conhecidos como “gente verdadeira” em seu idioma originário, hãtxa Kuin. Suas aldeias se estendem por importantes rios da região, como Tarauacá, Jordão, Breu, Muru, Envira, Humaitá e Purus. O projeto, idealizado pelo Instituto Ainbu Dayá e o coletivo CASA, em parceria com a Rede Igapó e patrocinado pelo Grupo Energisa via Lei Rouanet, tem como foco cadastrar 44 mestras-artesãs que receberão bolsas de incentivo para participação nas oficinas.
Durante o encontro, cerca de 150 mulheres, entre mestras e aprendizes, participam de 61 horas de atividades que combinam técnicas tradicionais de fiação, tecelagem e pintura têxtil com conhecimentos contemporâneos de modelagem, corte, costura, gestão e empreendedorismo. A metodologia adotada respeita o ensino circular, promovendo a troca colaborativa de saberes entre gerações.
Além das oficinas, três mulheres indígenas recebem formação em registro audiovisual para documentar o processo cultural sob a perspectiva da comunidade, ampliando a visibilidade e o protagonismo feminino. Rita Huni Kuin, fundadora do Instituto Ainbu Dayá, destaca que o projeto não é uma capacitação inicial, mas uma oportunidade para que as mestras-artesãs ampliem suas ferramentas e fortaleçam a autonomia econômica e cultural.
As atividades diárias refletem práticas tradicionais, como a fiação manual do algodão nativo e a confecção dos txitxã — cestos tradicionais feitos com palhas coletadas na floresta para armazenar o algodão. À noite, rodas de cantos, histórias e partilhas de saberes criam um ambiente de escuta e fortalecimento da memória cultural.
Delânia Cavalcante, coordenadora de investimento social do Grupo Energisa, ressalta a importância do projeto para a inclusão e valorização da cultura tradicional, além de impulsionar a economia criativa local e a preservação da memória das comunidades indígenas da Amazônia Ocidental.
A segunda etapa do projeto prevê uma exposição e desfile com as peças criadas, ampliando os canais de comercialização e valorização do trabalho das mulheres Huni Kuin, com o objetivo de tornar a iniciativa autossustentável a longo prazo.
O Instituto Ainbu Dayá, que nasceu do sonho coletivo das mulheres Huni Kuin, atua como elo entre os saberes ancestrais e os novos caminhos possíveis, promovendo o fortalecimento cultural, a garantia de direitos e a geração de renda para as comunidades indígenas do Rio Jordão.
Com essa iniciativa, as mulheres Huni Kuin reafirmam seu papel central na preservação da cultura e no desenvolvimento sustentável de suas comunidades, unindo tradição e inovação para construir um futuro mais autônomo e valorizado.