Escolas restringem uso de celular em sala de aula e promovem aprendizado mais focado e seguro
Medida adotada em 2025 traz benefícios na atenção dos alunos e reforça combate ao abuso infantil e cyberbullying
Com base em dados da assessoria de imprensa do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), a proibição do uso de celulares nas salas de aula, implementada no Brasil em 2025, tem mostrado resultados positivos tanto no aprendizado quanto na proteção dos estudantes. A medida, que inicialmente gerou dúvidas, agora é vista como uma aliada importante para melhorar a concentração dos alunos e fortalecer a socialização entre eles.
Relatos de educadores e famílias indicam que, com a restrição dos aparelhos, os estudantes estão mais atentos às aulas e participativos nas atividades presenciais. Durante os intervalos, as escolas têm investido em atividades esportivas, lúdicas e momentos de descanso, promovendo um ambiente mais saudável e equilibrado para o desenvolvimento infantil.
Além dos benefícios pedagógicos, a proibição dos celulares também é uma estratégia de proteção integral. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 300 milhões de crianças sofreram exploração sexual e abuso infantil online no último ano, um cenário agravado pelo uso descontrolado de dispositivos conectados à internet. Ao limitar o acesso a celulares durante o período escolar, as instituições contribuem para reduzir a exposição precoce a conteúdos inadequados, o cyberbullying e o aliciamento digital.
Para o presidente do Sinepe/PR, Haroldo Andriguetto Junior, o debate sobre o uso dos dispositivos móveis deve ser contínuo e envolver educadores, famílias e os próprios estudantes. “Nosso papel é apoiar as escolas na construção de estratégias equilibradas, coerentes com seus projetos pedagógicos e com a realidade de suas comunidades”, afirma.
Celso Hartmann, vice-presidente do sindicato, destaca que a aceitação da medida tem sido positiva e que a redução do tempo de tela está associada a melhorias no desempenho escolar. Ele cita estudos, como os apresentados no livro “A Fábrica de Cretinos Digitais”, de Michel Desmurget, que apontam para uma correlação entre o uso reduzido de telas e avanços em matemática, leitura, ciências e no desenvolvimento do pensamento crítico.
Especialistas em educação digital, como Rodrigo Nejm, do Instituto Alana, reforçam que a legislação é apenas o ponto de partida para repensar a relação dos jovens com a tecnologia. Ele alerta que 90% do tempo dos estudantes é gasto em jogos e redes sociais, atividades que nem sempre contribuem para a formação pedagógica e cidadã. Para Nejm, é fundamental uma construção coletiva envolvendo escolas, famílias e empresas de tecnologia para transformar o consumo passivo em uma interação ativa e criativa com o mundo digital.
Assim, a proibição do celular em sala de aula representa um avanço importante para a educação e a proteção das crianças, mas o desafio maior está em promover o uso consciente e equilibrado da tecnologia, preparando os jovens para serem cidadãos digitais responsáveis.