Crianças moldam decisões de consumo no Brasil: 86% dos pais cedem à opinião infantil em compras
Pesquisa inédita revela como os pequenos influenciam desde a escolha do lanche até a compra do carro da família
A influência das crianças nas decisões de consumo das famílias brasileiras vai muito além dos tradicionais pedidos por doces ou brinquedos. Segundo levantamento inédito realizado pelo instituto Hibou, 86% dos brasileiros que convivem com crianças de até 14 anos admitem que suas escolhas de compra são impactadas pela opinião infantil. O estudo, divulgado em maio de 2025, mostra que essa influência se estende a diversas categorias, incluindo supermercados, restaurantes, viagens, tecnologia e até automóveis.
A pesquisa ouviu 1.400 pessoas e destaca uma mudança significativa no comportamento de consumo familiar, impulsionada pela presença digital das crianças e pela autonomia que elas conquistam ao utilizarem smartphones. Apenas 14% dos entrevistados afirmam que as crianças não interferem em nenhuma decisão de compra. Entre os ambientes mais influenciados estão supermercados (73%), shoppings (65%), lanchonetes (51%) e pedidos de delivery (39%). Surpreendentemente, até setores como farmácias, bancas de revistas e produtos bancários registram impacto da opinião infantil.
No que diz respeito a produtos, 68% dos adultos reconhecem que as crianças influenciam a compra de bolachas, biscoitos e pães, enquanto 61% apontam iogurtes e queijos, e 60% doces e salgadinhos. A influência também se manifesta em itens como calçados (63%), roupas e acessórios (59%), passeios e eventos (55%), e até em decisões mais complexas como turismo (41%), streaming (33%), celulares e tecnologia (32%) e automóveis (32%).
O poder de convencimento das crianças está fortemente ligado ao universo digital. Personagens conhecidos (55%), propagandas assistidas (51%) e influenciadores digitais, especialmente youtubers (44%), são os principais vetores que despertam o desejo de consumo. O apelo emocional das marcas, com uso de cores, sabores e mascotes, também exerce papel importante (31%).
A pesquisa revela ainda que 68% das crianças já possuem smartphone próprio, utilizando-o para assistir vídeos (62%), jogar (53%) e se comunicar com os pais (48%). Além disso, 16% delas realizam compras de forma independente pelo celular, com gastos médios mensais de R$140,00. As plataformas mais acessadas são YouTube (77%), Netflix (65%), Disney+ (54%) e TikTok (48%).
Apesar desse protagonismo no consumo, há um déficit na educação digital e financeira das crianças. Apenas 35% dos adultos acreditam que elas estão preparadas para lidar com temas como cartão de crédito, Pix, juros e endividamento. Quanto à capacidade de reconhecer publicidade enganosa, o índice cai para 24%, refletindo também a insegurança dos próprios adultos, já que 34% admitem serem influenciados por propagandas.
Ligia Mello, CSO da Hibou, comenta: “As crianças têm voz ativa nas decisões de compra e autonomia digital, mas muitas vezes não compreendem os mecanismos por trás do consumo. Há um desequilíbrio entre o poder que recebem e a educação que lhes oferecemos.”
Este estudo reforça a importância de um olhar atento para o papel das crianças no mercado consumidor e a necessidade de promover uma educação digital e financeira adequada para prepará-las para esse novo cenário.
*Dados fornecidos pela assessoria de imprensa da Hibou.*