Entenda por que o Transtorno de Personalidade Borderline é confundido com bipolaridade e saiba as diferenças essenciais

Nos últimos anos, o interesse por temas relacionados à saúde mental cresceu significativamente, e termos como “bipolaridade” e “transtorno de personalidade borderline” (TPB) têm ganhado destaque nas buscas online e nas conversas do dia a dia. No entanto, apesar da maior visibilidade, ainda há muita confusão sobre as diferenças entre esses dois transtornos, o que pode prejudicar o diagnóstico e o tratamento adequados. Com base em informações da assessoria de imprensa da Dra. Taty Ades, psicanalista e referência nacional no tratamento do TPB, explicamos por que essa confusão é comum e quais são as principais distinções.

A semelhança entre alguns sintomas, como a instabilidade emocional, leva muitas pessoas a confundirem o Transtorno de Personalidade Borderline com o transtorno bipolar. Segundo a Dra. Taty Ades, a principal diferença está na duração e na origem das oscilações emocionais. “Na bipolaridade, os episódios de humor alterado são mais duradouros, podendo se estender por dias ou semanas, alternando entre fases de depressão e euforia. Já no Borderline, as mudanças de humor são muito mais rápidas, ocorrendo várias vezes ao dia, geralmente em resposta a eventos externos, especialmente nas relações interpessoais”, explica a especialista.

Essa reatividade emocional intensa é uma característica marcante do TPB. Pessoas com esse transtorno enfrentam dificuldades para regular suas emoções, além de apresentarem baixa autoestima e um medo constante de abandono. Isso se manifesta em relações interpessoais instáveis e comportamentos impulsivos, como idealizar alguém em um momento e desvalorizar logo em seguida, muitas vezes por interpretações equivocadas de rejeição.

Um estudo da American Psychiatric Association revela que até 40% dos pacientes com Borderline já receberam diagnóstico equivocado de transtorno bipolar, o que pode levar a tratamentos inadequados, como o uso excessivo de estabilizadores de humor sem o acompanhamento psicoterapêutico necessário.

Para a Dra. Taty Ades, o diagnóstico correto depende de uma escuta clínica cuidadosa e sensível, que vá além da simples observação dos sintomas. “É fundamental compreender a história de vida do paciente, suas relações primárias e a forma como ele percebe o mundo. O Borderline geralmente tem raízes em experiências precoces de rejeição, abandono ou trauma”, destaca.

Outro ponto que diferencia os dois transtornos é a percepção subjetiva do paciente. Enquanto pessoas com bipolaridade tendem a reconhecer seus episódios como fases distintas e estranhas à sua identidade, quem tem TPB frequentemente vive em um estado constante de crise emocional, com sofrimento contínuo e sensação de vazio existencial.

No que diz respeito ao tratamento, ambos os transtornos exigem acompanhamento profissional, mas as abordagens são distintas. O tratamento do Borderline demanda um vínculo terapêutico estável e profundo, com a psicanálise sendo uma das opções para ressignificar afetos mal elaborados desde a infância. Já o transtorno bipolar envolve controle farmacológico das fases e psicoeducação.

A especialista alerta ainda para os riscos da autodiagnose, cada vez mais comum com a popularização dos conteúdos sobre saúde mental nas redes sociais. “É positivo que as pessoas falem mais sobre esses temas, mas é perigoso usar rótulos sem o devido cuidado clínico. O autoconhecimento deve sempre estar acompanhado de orientação profissional”, conclui.

Compreender as diferenças entre o Transtorno de Personalidade Borderline e o transtorno bipolar é essencial para garantir um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz, promovendo melhor qualidade de vida para quem convive com essas condições.

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