Descoberta Brasileira Revoluciona Tratamento de Lesões no Joelho

Novo ligamento identificado pode melhorar a estabilidade e recuperação de atletas com lesões no joelho

Uma equipe de médicos e pesquisadores brasileiros realizou uma descoberta que promete transformar o tratamento das lesões no joelho, especialmente aquelas relacionadas à instabilidade rotacional, um problema comum e desafiador em atletas. Liderado pelo ortopedista Dr. Pedro Baches Jorge, diretor da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE), o grupo identificou o Ligamento Oblíquo Anterior (AOL), uma estrutura anatômica até então desconhecida, que pode ser fundamental para o controle do movimento do joelho.

A descoberta ocorreu em março de 2020, durante estudos realizados na Santa Casa de São Paulo com joelhos de pacientes que passaram por amputações por problemas vasculares. Após mais de 35 dissecações, os pesquisadores notaram uma estrutura distinta, com origem na parte interna do joelho e inserção na tíbia, posicionada obliquamente à frente do ligamento colateral medial (LCM). Em homenagem ao Ligamento Oblíquo Posterior (POL), já conhecido na parte posterior do joelho, a nova estrutura foi nomeada Ligamento Oblíquo Anterior.

Desde então, o grupo publicou mais de 10 artigos científicos internacionais, incluindo análises anatômicas, exames de imagem e estudos clínicos. Um marco importante foi a publicação do principal estudo sobre o AOL na revista Orthopaedic Journal of Sports Medicine, em 2024. Além disso, foi demonstrado que o ligamento pode ser visualizado em ressonâncias magnéticas com métodos confiáveis, facilitando seu diagnóstico.

Na prática clínica, o AOL tem um papel crucial na estabilização da rotação externa da tíbia, ajudando a controlar a instabilidade rotacional anteromedial, que muitas vezes persiste mesmo após a reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA). Para isso, o grupo desenvolveu um algoritmo de reforço extra-articular, baseado em testes específicos como o Pivot Shift, ADER e LaER, que orienta a reconstrução do AOL quando a instabilidade rotacional permanece.

Desde 2020, mais de 200 cirurgias combinando a reconstrução do LCA e do AOL foram realizadas, com resultados iniciais bastante positivos após acompanhamento de pelo menos dois anos. “Estamos diante de uma mudança de paradigma, oferecendo uma solução mais personalizada e eficaz para pacientes com instabilidade em rotação externa”, destaca Dr. Pedro Baches Jorge.

A descoberta já atraiu a atenção internacional, com colaborações de pesquisadores dos Estados Unidos, Chile, Itália e Argentina, e a técnica de reconstrução do AOL sendo adotada em diversos países. O próximo passo da equipe é realizar ensaios biomecânicos controlados para aprofundar o entendimento do papel isolado do AOL e a eficácia de sua reconstrução.

Este avanço, divulgado pela assessoria de imprensa da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE), representa um importante progresso na medicina esportiva, abrindo caminho para tratamentos mais eficazes e personalizados para quem sofre com lesões no joelho. A continuidade das pesquisas depende agora de recursos e estrutura para que essa inovação possa beneficiar ainda mais pacientes no futuro.

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