Cresce o câncer colorretal entre jovens: bactéria na infância pode ser a chave

Estudo revela que a exposição precoce à E. coli produtora de colibactina pode aumentar o risco de tumores intestinais antes dos 40 anos

Com a chegada do Dia Mundial da Saúde Digestiva, em 29 de maio, um novo alerta ganha destaque na oncologia: o aumento acelerado dos casos de câncer colorretal em jovens, fenômeno que preocupa especialistas no Brasil e no mundo. Dados recentes indicam que a exposição na infância a uma bactéria comum, a Escherichia coli produtora de colibactina, pode estar relacionada ao surgimento precoce dessa doença.

Segundo o oncologista Mauro Donadio, da Oncoclínicas&Co, a incidência de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos tem aumentado cerca de 2% ao ano na última década. Embora os motivos para esse crescimento ainda não estejam totalmente esclarecidos, um estudo internacional sequenciou o DNA de 981 tumores colorretais e identificou que mutações associadas à colibactina são 3,3 vezes mais frequentes em pacientes diagnosticados antes dos 40 anos. Essa toxina, produzida por algumas cepas da E. coli, provoca danos ao DNA, especialmente no gene APC, um importante supressor tumoral.

O que chama atenção é que essas mutações parecem ocorrer nos primeiros dez anos de vida, muito antes do diagnóstico clínico, sugerindo que a bactéria pode colonizar silenciosamente o intestino das crianças e iniciar um processo que leva ao câncer décadas depois. Essa descoberta reforça a importância de entender o papel do microbioma intestinal na saúde digestiva e no desenvolvimento do câncer.

O câncer colorretal é o terceiro tumor mais comum no Brasil, com cerca de 45.630 novos casos anuais, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A doença, que tradicionalmente afetava pessoas mais velhas, agora se manifesta cada vez mais cedo, o que tem levado a discussões sobre a necessidade de antecipar o rastreamento. Atualmente, o Brasil recomenda o início dos exames a partir dos 50 anos, mas países como os Estados Unidos e alguns da Europa já reduziram essa idade para 45 anos.

Um dos grandes desafios no diagnóstico em jovens é a ausência de sintomas típicos, o que resulta em detecção tardia e pior prognóstico. Entre os sinais mais comuns estão anemia por deficiência de ferro, sangramento retal, dor abdominal e alterações nos hábitos intestinais. A colonoscopia permanece o método mais eficaz para prevenção e diagnóstico precoce, permitindo identificar e remover lesões antes que se tornem malignas.

Além da bactéria, outros fatores contribuem para o aumento dos casos em jovens, como obesidade, dieta inadequada, sedentarismo, uso indiscriminado de antibióticos e predisposição genética. Por isso, mudanças no estilo de vida, com alimentação equilibrada e prática regular de exercícios, são fundamentais para a prevenção.

Campanhas como o Dia Mundial da Saúde Digestiva são essenciais para conscientizar a população sobre a importância do rastreamento e dos cuidados com a saúde intestinal. Segundo Donadio, a informação correta ajuda a superar o medo e o preconceito em relação aos exames, incentivando a detecção precoce e aumentando as chances de cura.

Este conteúdo foi elaborado com base em informações fornecidas pela assessoria de imprensa da Oncoclínicas&Co, referência em oncologia no Brasil, que destaca a importância da pesquisa e do diagnóstico precoce para combater o avanço do câncer colorretal entre os jovens.

👁️ 67 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar