Vacina contra herpes zoster pode ajudar a reduzir risco de Alzheimer e demência, indicam estudos recentes
Pesquisas com mais de 500 mil participantes apontam que imunização pode ter efeito protetor no cérebro, mas especialistas pedem cautela diante dos dados preliminares
Novos estudos internacionais têm despertado grande interesse ao sugerir que a vacina contra o herpes zoster, infecção causada pela reativação do vírus varicela-zoster, pode reduzir o risco de desenvolver Alzheimer e outras formas de demência. Com base em dados de mais de 500 mil participantes, pesquisas realizadas na Austrália, País de Gales e Estados Unidos indicam uma associação consistente entre a vacinação e a diminuição do risco dessas doenças neurodegenerativas.
Na Austrália, um estudo observacional com mais de 100 mil pessoas mostrou que a vacina Zostavax reduziu em quase 30% o risco de demência entre os vacinados. Já no País de Gales, uma análise com cerca de 280 mil indivíduos apontou uma redução de 20%. Nos Estados Unidos, pesquisas envolvendo mais de 100 mil participantes compararam diferentes imunizantes, incluindo o Shingrix e o Zostavax, e encontraram uma proteção de até 17% contra a demência. Uma meta-análise internacional publicada em 2024 na revista Brain and Behavior, que reuniu dados de mais de 100 mil pacientes, estimou uma redução média de 16% no risco entre vacinados com essas vacinas.
Apesar dos resultados promissores, o neurocirurgião Dr. Marcelo Valadares, da Unicamp, destaca a necessidade de cautela. “Ainda não podemos afirmar que a vacina previne diretamente a demência, mas os dados impressionam e merecem aprofundamento”, afirma o especialista. Ele ressalta que a correlação observada não implica necessariamente causalidade e que são necessários estudos clínicos rigorosos para confirmar esses efeitos.
Os cientistas levantam algumas hipóteses para explicar essa possível proteção. A primeira é que a vacina previne a reativação do vírus varicela-zoster, que pode causar inflamação crônica no sistema nervoso, um fator potencialmente ligado ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. Outra hipótese envolve a “imunidade treinada”, um efeito em que vacinas com vírus vivos atenuados, como a Zostavax, estimulam o sistema imunológico de forma ampla, ajudando a combater inflamações associadas à degeneração cerebral. Além disso, a prevenção do herpes zoster reduz complicações neurológicas que podem agravar o declínio cognitivo.
Atualmente, a vacinação contra herpes zoster é recomendada para pessoas acima de 50 anos para evitar complicações dolorosas da doença, estando disponível na rede privada e com previsão de incorporação ao SUS. Caso os efeitos neuroprotetores sejam confirmados, o uso da vacina poderá ser ampliado, influenciando futuras políticas de saúde pública.
Enquanto isso, a prevenção da demência continua focada em hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, exercícios físicos, sono regular e controle de fatores de risco como hipertensão e diabetes. O tratamento das demências busca retardar a progressão dos sintomas e preservar a qualidade de vida, com acompanhamento multidisciplinar.
Este conteúdo foi elaborado com base em informações da assessoria de imprensa e estudos científicos recentes, trazendo uma visão atualizada e responsável sobre um tema que pode impactar a saúde de milhões de pessoas.
Referências: Pomirchy (JAMA, 2025), Eyting (Nature, 2025), Taquet (Nature Medicine, 2024), JAMA Network (2025), Shah et al. (Brain and Behavior, 2024).