Lufthansa: avião ficou sem piloto por 10 minutos após desmaio do copiloto; especialista propõe nova estratégia de segurança aérea

Incidente com Airbus A321 reacende debate sobre protocolos de voo e a importância da vigilância cognitiva na cabine

Um voo da Lufthansa que seguia de Frankfurt para Sevilha, com 205 pessoas a bordo, enfrentou uma situação inédita em fevereiro de 2024: a aeronave ficou sem piloto humano por cerca de 10 minutos após o copiloto desmaiar sozinho na cabine. A informação foi divulgada recentemente pela CIAIAC, autoridade espanhola responsável pela investigação de acidentes aéreos, com base em registros de voz e dados do voo.

O incidente ocorreu quando o capitão da aeronave Airbus A321 deixou momentaneamente a cabine para usar o banheiro. Durante esse intervalo, o copiloto sofreu uma “incapacitação súbita e grave”, o que interrompeu a comunicação com o controle de tráfego aéreo, apesar das tentativas repetidas de contato. O piloto automático manteve o voo estável, mas a ausência de supervisão humana efetiva por cerca de 10 minutos levantou sérias questões sobre a segurança em voo.

Após diversas tentativas para retomar o controle, incluindo chamadas via interfone e o uso do código padrão de acesso, o comandante precisou acionar o protocolo de emergência para retornar à cabine. O copiloto recebeu atendimento imediato de um médico que estava entre os passageiros e foi encaminhado a um hospital em Madri, para onde o voo foi desviado. Posteriormente, foi constatado que ele apresentava uma condição neurológica preexistente, não detectada em exames anteriores.

O caso reacendeu o debate sobre os protocolos de segurança na aviação, especialmente diante do histórico de 287 incapacitações de pilotos entre 2019 e 2024, conforme dados da Comissão Europeia citados no relatório da CIAIAC. A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) já havia identificado ocorrências semelhantes em décadas anteriores, reforçando que, embora raras, essas situações são estatisticamente relevantes e demandam atenção contínua.

Em meio a esse cenário, o neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD em Neurociências e membro de instituições científicas internacionais, sugere uma nova abordagem para aumentar a segurança nas cabines de voo. Segundo ele, a tradicional “regra de dois” pilotos não é mais suficiente. Dr. Fabiano propõe a adoção da “regra de três”, com a presença de um terceiro membro treinado, mesmo que com autonomia operacional mínima, posicionado fora da cabine, com autoridade para intervir em situações extremas.

“Confiar apenas no piloto automático e em dois pilotos é um risco que a ciência contemporânea já não recomenda”, explica o especialista. Para ele, a presença de um terceiro profissional cria uma supervisão cruzada que reduz o risco de erros humanos não percebidos, além de aumentar as reservas cognitivas disponíveis para lidar com imprevistos. “O cérebro humano é previsivelmente imprevisível. Colocar mais cérebros pensantes e bem treinados em torno de tarefas críticas é uma forma superior de inteligência coletiva operacional”, conclui.

A Lufthansa, por sua vez, afirmou que colaborou com a investigação e realizou apurações internas, mas preferiu não comentar o conteúdo do relatório divulgado pela CIAIAC. O episódio serve como alerta para a indústria da aviação e reforça a importância de revisitar protocolos e investir em estratégias que garantam a máxima segurança para passageiros e tripulantes.

Este conteúdo foi elaborado com base em informações da assessoria de imprensa e dados oficiais da CIAIAC e demais órgãos reguladores.

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