Geração Z no Trabalho: O Desafio Está na Liderança, Não nos Jovens
Entenda por que gestores precisam se reinventar para conectar-se com a nova geração que valoriza propósito, autonomia e diálogo
Nos últimos anos, a Geração Z — jovens nascidos entre 1995 e 2010 — tem sido alvo de críticas no ambiente corporativo. Muitas vezes rotulados como “difíceis”, “imediatistas” ou “sem resiliência”, esses profissionais enfrentam uma narrativa que os coloca como o problema para questões como baixa retenção, falta de engajamento e conflitos geracionais. No entanto, um olhar mais atento revela que o verdadeiro desafio pode estar na forma como os gestores estão conduzindo suas equipes.
Segundo Fred Torrës, sócio sênior do Grupo Hub, consultoria de RH com mais de dez anos de experiência, a questão não está na Geração Z, mas sim na dificuldade de muitos líderes em se adaptar a um cenário que mudou profundamente. Essa geração cresceu em um mundo conectado, com acesso irrestrito à informação e uma visão crítica sobre estruturas tradicionais de trabalho, poder e sucesso. Para eles, fatores como bem-estar, propósito e desenvolvimento pessoal são tão importantes quanto salário e estabilidade.
Por outro lado, muitos modelos de gestão ainda são pautados em hierarquias rígidas, controle excessivo, valorização da presença física e foco em resultados imediatos. Essa discrepância gera atritos: enquanto os jovens buscam autonomia, feedback constante e um ambiente inclusivo, alguns gestores ainda resistem a flexibilizar o trabalho, como o home office, e a dialogar abertamente com suas equipes.
Além disso, a maioria dos líderes atuais pertence à Geração X ou aos Millennials mais velhos, que foram moldados por um mercado mais competitivo e hierárquico, onde o silêncio era interpretado como respeito e jornadas exaustivas eram normais. Assim, quando a Geração Z rejeita práticas ultrapassadas, isso pode ser visto erroneamente como falta de comprometimento, quando na verdade é uma nova forma de coragem e valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Fred Torrës destaca que a resistência à mudança é natural, mas que a liderança precisa evoluir para acompanhar as transformações sociais e tecnológicas. Uma gestão eficaz para a Geração Z combina autonomia com propósito, escuta ativa com feedback constante, e tecnologia com humanização. Essa geração valoriza líderes acessíveis, transparentes e que promovam um ambiente de confiança e desenvolvimento contínuo.
Não se trata de “agradar” a Geração Z a qualquer custo, mas sim de repensar práticas e culturas organizacionais para criar relações profissionais equilibradas, baseadas em responsabilidade mútua. O verdadeiro desafio para os gestores é estar disposto a desaprender e a se reinventar, reconhecendo que o modelo de liderança de 2005 não é mais eficaz em 2025.
Portanto, a Geração Z não é o problema. O que precisa evoluir é o contexto de gestão, para que empresas possam aproveitar o potencial desses jovens profissionais e construir ambientes de trabalho mais conectados, inclusivos e produtivos.
Este conteúdo foi elaborado com base em informações fornecidas pela assessoria de imprensa Ryto Public Affairs, representando Fred Torrës e o Grupo Hub.