Tragédia Ambiental no Rio Grande do Sul em 2024: O Que Revela o Estudo da Parceria Unesp-Cemaden
Entenda as causas e os impactos da maior enchente da história recente do estado e como o crescimento urbano desordenado agravou a situação
Há um ano, em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou a maior tragédia ambiental de sua história recente, com chuvas intensas e enchentes que afetaram cerca de 2,3 milhões de pessoas em 471 municípios. O impacto foi devastador: quase 200 vítimas fatais, milhares de deslocados e cenas marcantes, como o Aeroporto Salgado Filho parcialmente inundado e o icônico cavalo Caramelo cercado pelas águas. Agora, um estudo realizado em parceria entre a Unesp e o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) traz um mapeamento detalhado das causas e circunstâncias que levaram a esse desastre.
Segundo a pesquisa, assinada por 17 pesquisadores e publicada no Journal of South American Earth Sciences, a tragédia foi resultado da combinação entre eventos climáticos extremos e fragilidades locais. Entre os fatores humanos que potencializaram os danos estão o crescimento urbano desordenado, a ocupação de áreas de risco de inundação e a redução significativa de áreas naturais, como florestas e banhados, que funcionam como amortecedores naturais das chuvas. Dados pluviométricos indicam que, em abril e maio de 2024, a precipitação acumulada na região metropolitana de Porto Alegre ultrapassou em muito as médias históricas, chegando a mais de 500 mm em alguns pontos.
Comparando com a histórica enchente de 1941, que até então era considerada a pior do estado, o estudo revela que a altura da lâmina d’água no lago Guaíba em 2024 superou em 59 cm a registrada naquela época. Além disso, enquanto a cheia de 1941 afetou principalmente a bacia do Jacuí, o evento de 2024 envolveu simultaneamente as bacias do Jacuí, Taquari e Caí, ampliando a área atingida e dificultando a resposta das autoridades.
Outro ponto crítico destacado pelos pesquisadores é a expansão das zonas impermeáveis devido à urbanização, especialmente em Porto Alegre e municípios vizinhos, que aumentou a dificuldade de escoamento das águas. Entre 1985 e 2022, houve perdas significativas de áreas florestais e naturais, com municípios como Triunfo, Arroio dos Ratos e Gravataí sofrendo as maiores reduções. Em contrapartida, áreas asfaltadas cresceram, reduzindo a capacidade do solo em absorver as chuvas.
O estudo reforça a urgência da implementação de medidas estruturais e não estruturais para mitigar futuros impactos, como a recuperação de áreas naturais, o planejamento urbano sustentável e a melhoria dos sistemas de alerta e resposta. A experiência dramática de Porto Alegre serve como um alerta para outras regiões em desenvolvimento, evidenciando que o enfrentamento das mudanças climáticas exige ações integradas entre ciência, gestão pública e sociedade.
Este conteúdo foi elaborado com base em dados da assessoria de imprensa da Unesp e Cemaden, trazendo informações essenciais para compreender os desafios ambientais atuais e a importância da prevenção em áreas urbanas vulneráveis. Para mais detalhes, confira a reportagem completa no Jornal da Unesp.