Brasil lidera especialização em cirurgia oncoplástica de mama e se destaca mundialmente
Estudo revela que metade dos mastologistas brasileiros realiza técnicas avançadas de reconstrução mamária associadas ao tratamento do câncer
O Brasil se destaca como referência mundial na especialização de cirurgiões de mama em técnicas oncoplásticas, que combinam a remoção do tumor com procedimentos reconstrutivos para preservar a estética da mama. Um estudo recente, conduzido entre os membros da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e publicado na renomada revista Annals of Surgical Oncology (ASO), revelou que 50% dos mastologistas brasileiros já realizam cirurgias oncoplásticas, um índice muito superior ao observado em outros países.
A pesquisa, coordenada pelo mastologista Francisco Pimentel, presidente da Comissão de Título de Especialista em Mastologia da SBM, envolveu 1.759 associados da entidade, dos quais 1.059 confirmaram a prática da cirurgia oncoplástica. “Este é um dado muito importante, pois acredito que não haja um nível de domínio tão alto em outros lugares do mundo”, afirma Pimentel. A cirurgia oncoplástica é uma técnica reparadora que pode ser indicada após a retirada do tumor, permitindo a reconstrução parcial ou total da mama, melhorando os resultados estéticos e a qualidade de vida das pacientes.
Comparativamente, estudos realizados em países como Estados Unidos, Canadá e Turquia indicam taxas muito menores de cirurgiões que realizam esses procedimentos. Por exemplo, apenas 10% dos cirurgiões de mama americanos realizam mamoplastia redutora ou simetrização contralateral associadas ao tratamento oncológico. No Brasil, o perfil dos profissionais que adotam a oncoplastia é composto majoritariamente por médicos jovens, com menos de 40 anos, especialistas em doenças da mama, com formação em cirurgia geral e cirurgia da mama, e que realizam mais de 100 cirurgias ao ano.
O estudo também destacou que as técnicas mais utilizadas pelos mastologistas brasileiros são a mamoplastia terapêutica (96,4%) e a reconstrução com implantes ou expansores de tecido (93,6%). Quanto à formação, os principais modelos de treinamento incluem cursos práticos (36,5%), fellowships (21,4%) e programas de residência médica (32,9%). Desde 2008, a SBM tem investido fortemente em capacitação, promovendo cursos hands on em diversas regiões do país, como Goiânia, Jaú e Salvador, ampliando o acesso à reconstrução mamária em locais sem equipes multidisciplinares especializadas.
Historicamente, a reconstrução mamária era realizada por cirurgiões plásticos, enquanto os mastologistas ficavam responsáveis apenas pela retirada do tumor. A integração dessas técnicas pela própria especialidade de mastologia representa uma evolução significativa no cuidado às pacientes com câncer de mama. Para Francisco Pimentel, é fundamental manter e ampliar os programas de treinamento, especialmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), para aumentar a oferta de cirurgias conservadoras e reconstruções imediatas, elevando a qualidade do tratamento oncológico no Brasil.
Com essa liderança no ensino e na prática da cirurgia oncoplástica, o Brasil reforça seu compromisso com a saúde da mulher, oferecendo tratamentos que unem eficácia oncológica e resultados estéticos satisfatórios, contribuindo para a recuperação física e emocional das pacientes.