NR-1 tem novo prazo: 5 medidas para transformar saúde mental no trabalho
Especialista em Ergonomia Mental explica como empresas podem usar o período de adaptação para combater ambientes adoecedores
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A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que agora inclui a gestão de riscos psicossociais no ambiente de trabalho, terá um prazo estendido para implementação. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) anunciou que a norma será aplicada de forma educativa até maio de 2026, sem autuações durante esse período. Para o médico-psicanalista Dr. André Fusco, especialista em Ergonomia Mental, o adiamento não deve ser visto como alívio, mas como uma oportunidade estratégica para promover mudanças estruturais.
Ambientes adoecedores: um problema organizacional
Fusco alerta que muitas empresas ainda tratam a saúde mental de forma superficial, focando em ações pontuais de bem-estar enquanto mantêm culturas e processos que geram sofrimento psíquico. “A NR-1 avança ao reconhecer que o problema não está no trabalhador, mas no ambiente que o adoece”, destaca. O Guia de Gestão de Riscos Psicossociais do MTE reforça: os fatores de risco estão diretamente ligados à organização do trabalho.
Ergonomia Mental: 5 caminhos para transformação
O especialista propõe uma abordagem baseada na Ergonomia Mental, conceito que visa adaptar o trabalho às necessidades humanas. Confira as medidas essenciais:
1. Segurança psicológica antes de diagnósticos
Questionários só funcionam se os colaboradores se sentirem seguros para responder com sinceridade, sem medo de retaliações.
2. Revisão de regras nocivas
Metas inatingíveis, culturas de competição excessiva e falta de escuta ativa devem ser revistas para reduzir fontes de estresse crônico.
3. Incentivo à colaboração
Ambientes colaborativos reconstroem o sentido de pertencimento e reduzem o isolamento, antídoto para a lógica do “cada um por si”.
4. Análise qualitativa dos riscos
Dados quantitativos não revelam causas profundas. É preciso investigar contextos, como falta de pessoal ou processos burocráticos.
5. Propósito e identidade profissional
Reconhecer a contribuição única de cada profissional fortalece a saúde mental e a produtividade sustentável.
Um convite à mudança
“O prazo extra da NR-1 deve ser usado para repensar estruturas, não para procrastinar”, enfatiza Fusco. Empresas que adotarem a Ergonomia Mental terão equipes mais engajadas, com menor rotatividade e custos em saúde. A norma, portanto, não é apenas uma obrigação legal, mas um marco para reimaginar o trabalho como espaço de desenvolvimento humano.
*Dr. André Fusco é médico-psicanalista e consultor em saúde mental corporativa, com 20 anos de experiência. Saiba mais em:* [andrefusco.com.br](https://andrefusco.com.br/)