Nova diretriz mundial pode dispensar cirurgia de linfonodo sentinela em 20% das pacientes com câncer de mama
Sociedade Americana de Oncologia Clínica, com apoio da Sociedade Brasileira de Mastologia, atualiza recomendações para reduzir procedimentos desnecessários e melhorar qualidade de vida
O:
Uma mudança significativa no tratamento do câncer de mama acaba de ser anunciada pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), com participação ativa da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). A nova diretriz revisa a necessidade da cirurgia de linfonodo sentinela, procedimento que poderá ser evitado em 20% das pacientes com a doença.
O que muda na prática
A biópsia do linfonodo sentinela, que era rotineira para avaliar a disseminação do câncer, agora não será mais indicada para um grupo específico de pacientes. De acordo com o mastologista Henrique Lima Couto, coordenador do Departamento de Imagem da Mama da SBM e único brasileiro no painel de especialistas, a medida beneficia principalmente mulheres na pós-menopausa, com tumores pequenos (menos de 2 cm), receptores hormonais positivos e sem comprometimento axilar detectável em exames.
Redução de efeitos colaterais
A decisão visa minimizar complicações como dor crônica, limitação de movimentos e linfedema (inchaço no braço), que afetam 10% das pacientes submetidas ao procedimento. “É um marco histórico: pela primeira vez, uma diretriz internacional recomenda abandonar a cirurgia axilar para um grupo específico sem exigir tratamentos adicionais”, destaca Couto.
Critérios para dispensar a cirurgia
A ASCO recomenda não realizar o procedimento em:
– Mulheres acima de 50 anos (ou 65+ com radioterapia opcional)
– Tumores luminais grau 1-2 (menos agressivos)
– Axila clinicamente negativa no exame físico e ultrassom
– Pacientes em tratamento conservador da mama com hormonioterapia
Processo rigoroso de revisão
Publicado no *Journal of Clinical Oncology*, o consenso resultou de 18 meses de análise por especialistas de EUA, Canadá, Nigéria e Brasil, incluindo revisão de ensaios clínicos e mais de 200 questionamentos de outros especialistas. A SBM reforça que as novas diretrizes representam um avanço científico que equilibra eficácia no tratamento e qualidade de vida das pacientes.
Para mais informações, a Sociedade Brasileira de Mastologia disponibiliza seus especialistas para esclarecimentos. A medida já está valendo e deve orientar oncologistas e mastologistas em todo o mundo.