Um ano após a tragédia no RS: o que mudou no combate às mudanças climáticas?

Dia Nacional para a Ação Climática, ainda em tramitação, reforça a urgência de prevenção e educação ambiental

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No próximo sábado, 27 de abril, o Brasil marca pela primeira vez o Dia Nacional para a Ação Climática, data proposta pelo Projeto de Lei 2215/24, de autoria da deputada Duda Salabert (PDT-MG). Aprovado pela Câmara em fevereiro de 2025, o PL aguarda votação no Senado e busca instituir ações práticas de prevenção a desastres naturais nas escolas. A escolha da data não é aleatória: remete ao aniversário de um dos maiores desastres climáticos do país, as chuvas que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024, afetando 478 municípios e mais de 2,3 milhões de pessoas.

### Prevenção na teoria e na prática
A proposta prevê que instituições de ensino realizem atividades como simulações de evacuação, treinamentos de resposta a emergências e educação ambiental. No entanto, a pergunta que fica é: por que criar uma nova lei se a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (Lei 12.608/2012) já prevê ações preventivas? A resposta está na falta de execução. Dados do Ministério da Integração mostram que apenas 63% do orçamento para prevenção foi executado nos últimos anos, enquanto o país registra mais de 4 mil desastres naturais anualmente.

Segundo a ONU, cada dólar investido em prevenção pode economizar US$ 15 em reconstrução. Mas, como explica Léo Farah, fundador da ONG HUMUS e especialista em gestão de riscos, o Brasil ainda age no modo “resposta”, não no “preparo”. “Prevenir é salvar vidas, economizar recursos e fortalecer comunidades”, afirma.

### O legado (e os retrocessos) um ano depois
Passado um ano da tragédia no RS, que causou R$ 58 bilhões em prejuízos e deixou 442 mil desalojados, pouco avançou na estruturação de políticas públicas eficientes. Enquanto isso, organizações como a HUMUS trabalham para capacitar a população, formando agentes locais e promovendo workshops de prevenção.

“Mais de 50% dos resgates em desastres são feitos por pessoas comuns“, destaca Farah. Por isso, a HUMUS desenvolve programas como Agente Capaz (treinamento de líderes comunitários) e Heróis do Futuro (circuito de prevenção com crianças), mostrando que a mudança começa na base.

### O que ainda precisa mudar?
Apesar dos esforços da sociedade civil, a omissão do poder público ainda é um obstáculo. O PL 2215/24 tenta dar visibilidade a uma pauta urgente, mas sua eficácia dependerá de aplicação real. Enquanto isso, a pergunta que fica é: quantas tragédias ainda precisarão acontecer para que a prevenção vire prioridade?

Para saber mais sobre ações de prevenção, acesse: [www.humusbr.org](https://www.humusbr.org).

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