Skincare infantil: moda perigosa ou cuidado necessário?
Dermatologista alerta para os riscos do uso precoce de cosméticos por crianças e adolescentes
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O skincare infantil virou febre nas redes sociais, mas especialistas alertam: a prática pode esconder riscos à saúde física e mental de crianças e adolescentes. Impulsionada por influenciadores mirins e pelo marketing agressivo da indústria de cosméticos, a tendência preocupa dermatologistas, que veem jovens adotando rotinas complexas com produtos inadequados para sua idade.
Os perigos do skincare precoce
A Dra. Tainah de Almeida, dermatologista especialista em rejuvenescimento, explica que a pele infantil é mais fina e sensível, com barreira cutânea mais permeável. “O uso de ativos como retinoides, ácidos ou até mesmo hidratantes densos pode causar irritações, queimaduras, manchas e até interferências hormonais”, afirma. Nos EUA, a Califórnia já propôs leis para restringir a venda de produtos anti-idade para menores de 18 anos.
Redes sociais e pressão estética
O fenômeno “Sephora Kids” – termo que viralizou para descrever o consumo de cosméticos por crianças – reflete uma distorção: skincare deixou de ser cuidado para virar status. Influenciadores mirins exibem rotinas com dezenas de produtos, criando expectativas irreais. “Isso gera ansiedade e uma relação prejudicial com a autoimagem desde cedo”, alerta a médica.
Dados alarmantes
Uma pesquisa revelou que 42% dos brasileiros começaram a usar skincare antes dos 18 anos. O mercado de cosméticos para jovens movimentou US$ 1,8 bilhão em 2021 e deve atingir US$ 2,9 bilhões até 2027. Entre os produtos mais usados por adolescentes estão limpadores faciais (44%), perfumes e batons.
Qual o caminho seguro?
A especialista reforça que cuidados básicos são suficientes na infância:
– Limpeza suave com sabonete infantil
– Hidratação leve (se necessária)
– Protetor solar diário
Na adolescência, a abordagem pode incluir ativos para acne, mas sempre com orientação profissional. “Menos é mais. Rotinas simples previnem danos e ensinam hábitos reais de saúde”, conclui Dra. Tainah.
Enquanto a indústria lucra, pais e educadores precisam ficar atentos: o skincare infantil pode ser uma porta de entrada para distúrbios de autoimagem e consumo inadequado. A beleza não deve ser uma corrida, muito menos na infância.