Saúde mental no esporte: como o equilíbrio emocional se tornou essencial para o alto rendimento
Atletas e especialistas revelam por que cuidar da mente é tão importante quanto treinar o corpo para alcançar o sucesso
O:
A preparação física sempre foi a base do esporte de alto rendimento, mas hoje há um consenso crescente: a saúde mental é tão crucial quanto a técnica para alcançar a excelência. Dados da PubMed Central revelam que entre 3,6% e 37% dos atletas enfrentam depressão, dependendo da modalidade, enquanto a ansiedade se tornou um desafio frequente nesse ambiente de pressão extrema.
O tabu em torno do tema vem sendo quebrado graças a vozes influentes, como a da ginasta Simone Biles e do atacante Richarlison, que destacaram publicamente a importância do suporte psicológico. Essa mudança de mentalidade está inspirando uma nova geração de atletas, especialmente em esportes radicais, onde o equilíbrio emocional é testado a cada manobra.
Psicologia como aliada da performance
O psicólogo do esporte Dr. Victor Soragi explica que o trabalho mental vai além de crises: “Atletas com acompanhamento psicológico desenvolvem resiliência, consistência nos treinos e lidam melhor com frustrações – fatores decisivos para o sucesso a longo prazo”.
Um exemplo prático é Andrey Toledo, promessa do BMX Freestyle, que atribui sua evolução ao suporte emocional: “Aprendi a controlar a ansiedade e encarar derrotas como parte do processo. Isso mudou minha carreira”.
Iniciativa brasileira pioneira
Toledo faz parte da Ursofrango, projeto que une gestão de carreira e suporte psicológico para atletas radicais. Fundada por Stefan Santille, a iniciativa reinveste 100% dos lucros de sua linha de streetwear no desenvolvimento dos atletas. “Não basta treinar o corpo; a mente é estratégica. Queremos que esses jovens cresçam de forma sustentável”, afirma Santille, que também é snowboarder.
A tendência global é clara: saúde mental virou sinônimo de performance. Ao priorizar o equilíbrio emocional, o esporte não só humaniza trajetórias, mas constrói bases mais sólidas para o alto rendimento. E o Brasil está seguindo esse caminho.