Jovem cria clube do livro em escola e comprova impacto da leitura no aprendizado
Pesquisa de estudante paranaense revela como o hábito de ler melhora desempenho escolar e sugere formas de engajar adolescentes
O:
A paixão pelos livros levou Louise Fátima Silva da Paixão, de 14 anos, a ir além da leitura por prazer. A estudante do Colégio Positivo – Jardim Ambiental, em Curitiba (PR), decidiu investigar cientificamente como a leitura influencia o aprendizado de crianças e adolescentes. Seu projeto, apresentado na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace) 2025, na USP, comprovou que leitores frequentes têm melhor desempenho em escrita, compreensão de textos e argumentação.
Da observação à pesquisa científica
Louise notou que colegas que liam com regularidade se saíam melhor em provas e redações. Para testar sua hipótese, ela analisou o desempenho escolar de 91 estudantes entre 12 e 17 anos em Curitiba e durante a Bienal do Livro de São Paulo em 2024. Os resultados mostraram que 43% dos adolescentes leem mais de sete livros por ano, e esses apresentaram notas significativamente mais altas em disciplinas que exigem interpretação textual.
O nascimento do Clube do Livro
Preocupada com a falta de incentivo à leitura, Louise criou o “Clube do Livro Lendo e Aprendendo” em sua escola. Os encontros semanais, onde os participantes discutem obras literárias, não só melhoraram a capacidade crítica dos alunos, mas também transformaram a leitura em uma atividade social e prazerosa. “Muitos nunca haviam participado de um clube, mas 90% reconhecem seus benefícios. O desafio é torná-lo atraente”, explica a jovem pesquisadora.
Desafios e descobertas
A pesquisa revelou um paradoxo: embora os adolescentes saibam que ler traz vantagens, a prática ainda é negligenciada. Louise investigou o tema sob a ótica da psicologia e descobriu que, nessa fase da vida, as decisões são mais emocionais do que racionais. “A recompensa da leitura é percebida tardiamente. Precisamos de abordagens que a tornem divertida no presente”, defende.
Impacto social e educacional
O projeto destacou ainda a desigualdade no acesso aos livros. “Nem todos têm obras em casa, e isso reflete no rendimento escolar”, alerta Louise, que defende políticas públicas para ampliar acervos em escolas e envolver famílias no incentivo à leitura. Um dos momentos mais marcantes foi ouvir um participante do clube relatar como ganhou confiança na escrita após adotar o hábito de ler.
Com seu trabalho, Louise não apenas comprovou os benefícios acadêmicos da leitura, mas também mostrou que iniciativas criativas podem transformar a relação dos jovens com os livros. Seu próximo passo é expandir o clube para outras escolas e continuar pesquisando estratégias de engajamento.