Como aulas de programação e robótica transformaram a vida de um jovem autista
Gabriel, diagnosticado com TDAH e autismo, superou fobia social e hoje cursa Engenharia de Software graças ao método inclusivo da Ctrl+Play
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Aos três anos, Gabriel Trindade já demonstrava uma habilidade incomum com sistemas operacionais de computador. Sua irmã, Suellen, engenheira de software, notou não apenas seu talento precoce para tecnologia, mas também suas dificuldades com barulho, restrições alimentares e estresse com mudanças de rotina. Aos sete anos, ele foi diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 2 e altas habilidades.
A busca por um ambiente que acolhesse suas necessidades e potencializasse suas habilidades levou Gabriel à Ctrl+Play, uma rede de ensino de programação e robótica em Jundiaí (SP). Lá, ele encontrou uma metodologia lúdica e adaptada, que respeitava seu ritmo e estimulava sua criatividade. “Era um lugar aconchegante para mim”, conta Gabriel, que desenvolveu projetos como calculadoras e uma bateria virtual de música.
O impacto foi tão significativo que Gabriel reduziu sua fobia social de grau 2 para 1, ganhou independência para ir sozinho às aulas e passou a se comunicar com mais facilidade. “Quando era para ir à Ctrl+Play, eu ia sem pensar”, revela. Hoje, aos 19 anos, ele cursa o segundo ano de Engenharia de Software, uma conquista que sua irmã atribui ao suporte diferenciado da escola.
Inclusão que faz a diferença
No Brasil, uma em cada 30 crianças tem diagnóstico de TEA, segundo pesquisa da Universidade de Passo Fundo. Apesar disso, muitas escolas ainda não estão preparadas para oferecer um ensino verdadeiramente inclusivo. “Na Ctrl+Play, ele tinha liberdade para sugerir ideias e mudar processos. Se todas as escolas fossem assim, faria muita diferença”, destaca Suellen.
Henrique Nóbrega, fundador da Ctrl+Play, reforça a importância de adaptar o ensino às individualidades dos alunos. “Respeitar suas limitações e capacidades é essencial para o aprendizado”, afirma. A rede, que já formou mais de 4 mil alunos, busca desenvolver não apenas habilidades técnicas, mas também competências socioemocionais, como trabalho em equipe e comunicação.
Um futuro promissor
A trajetória de Gabriel é um exemplo de como a educação inclusiva pode transformar vidas. Suellen, que atua na área de TI, sonha que mais jovens tenham acesso a oportunidades como as que o irmão viveu. “Sería incrível se todas as crianças pudessem aprender em um ambiente que as faça se sentir capazes”, conclui.
Com mais de 100 unidades no país, a Ctrl+Play continua a expandir sua missão de preparar os jovens para um futuro tecnológico, mostrando que, com empatia e adaptação, é possível superar barreiras e construir caminhos de sucesso.