Como a IA está remodelando o cérebro humano: benefícios e riscos segundo a neurociência
Da plasticidade cerebral à dependência tecnológica, especialista analisa os efeitos profundos da inteligência artificial na mente humana
A revolução da Inteligência Artificial (IA) não está apenas transformando indústrias e economias — ela está reconfigurando nosso cérebro. Andre Cruz, CEO da Neura e especialista em Neurociência e Comportamento, revela como a interação com tecnologias avançadas está alterando nossa cognição, emoções e até nossa identidade.
**A neurociência decifrando a era digital**
Com base em estudos de plasticidade cerebral, Cruz explica que a IA já está otimizando habilidades como aprendizado acelerado e tomada de decisão, graças à personalização de dados. Por outro lado, alerta para o “efeito Google”: a facilidade de acesso a informações está enfraquecendo nossa memória de longo prazo e reduzindo a profundidade do pensamento crítico.
**O paradoxo da eficiência cognitiva**
Enquanto a automação libera a mente para tarefas criativas, os algoritmos estão reprogramando nosso sistema de recompensa. “Notificações e conteúdos curtos nos tornam impacientes e dispersos”, destaca o especialista. Um dado preocupante: 60% da Geração Z já prefere respostas instantâneas da IA a debates humanos, o que pode comprometer habilidades sociais essenciais.
**Futuro: fusão ou colisão?**
As projeções incluem desde interfaces cérebro-máquina que ampliariam nossa capacidade intelectual até riscos existenciais como a erosão da identidade individual. Cruz enfatiza: “Empresas e educadores precisam criar ecossistemas que equilibrem tecnologia com desenvolvimento de resiliência emocional”.
**O caminho do meio tecnológico**
A solução proposta é a “hibridização consciente”: usar a IA para potencializar características humanas únicas — criatividade, empatia e pensamento abstrato — enquanto mantemos o controle sobre nossos processos cognitivos. Afinal, como lembra o neurocientista, “máquinas processam dados, mas só humanos transformam informação em sabedoria”.
*Andre Cruz é fundador da Neura, professor de Neurociência na PUC-RS e autor de estudos sobre o impacto cerebral das tecnologias disruptivas.*