Carta Aberta à Câmara Municipal de Curitiba

por Toni Reis

Carta Aberta à Câmara Municipal de Curitiba
Prezadas Vereadoras, Prezados Vereadores,
Meu nome é Toni Reis, tenho 61 anos e sou casado com o David há 35 anos. Neste ano, celebraremos nossas bodas de coral em um restaurante tradicional aqui em Curitiba, e vocês estão convidados/as para compartilhar esse marco especial em nossas vidas, com todo o respeito a todas as composições de família.
Tenho dedicado 41 anos à militância pelos direitos humanos da comunidade LGBTI+. A Parada/Marcha LGBTI+ de Curitiba existe desde 31 de janeiro de 1995. Hoje posso afirmar com orgulho que neste interim avançamos significativamente em nossas conquistas. Podemos nos casar, adotar, doar sangue, a LGBTIfobia foi criminalizada, e as pessoas podem retificar seus nomes. Tenho o hábito de ter diálogo com todos os setores e segmentos da sociedade, independente de partido ou time.
No Supremo Tribunal Federal também contestamos muitos projetos inconstitucionais, e assim alcançamos um patamar de cidadania desejado por tanto tempo. Afinal, todos somos iguais perante a lei, inclusive nós da comunidade diversa LGBTI+.
Gostaria de parabenizar a eleição dos 38 vereadores e vereadoras. No entanto, quero trazer algumas preocupações sobre três projetos recentes que tramitam na Câmara Municipal de Curitiba que têm sido objeto de discussão, os quais, acredito, não vão impactar em nada na vida dos cidadãos e cidadãs de Curitiba.
Um deles é a proposta de proibição do uso da bandeira do arco-íris em órgãos públicos, outro, da restrição da participação de crianças na Parada LGBTI+, e o terceiro se trata de restringir a participação das pessoas trans nos esportes. Tais propostas não apenas são inconstitucionais, mas também fazem parte de uma estratégia nacional para antagonizar nossa comunidade e promover discursos de ódio.
Gostaria de apelar ao bom senso dos nobres vereadores para que dirijam suas atenções a questões mais urgentes, como saúde, educação, meio ambiente, urbanismo, população em situação de rua e empregabilidade. Precisamos de iniciativas que ajudem Curitiba a continuar sendo referência em qualidade de vida, em vez de regredir.
Neste sentido, solicito que todas as vereadoras e todos os vereadores rejeitem estes projetos em todas as comissões pertinentes. E se aprovados, pediremos ao prefeito Eduardo Pimentel que vete. Ainda, caso venham a ser sancionados, estamos preparados para acionar a Suprema Corte para que se declare a inconstitucionalidade dessas medidas.
Estamos, enquanto grupo Dignidade e Aliança Nacional LGBTI+, abertos ao diálogo e a contribuir com sugestões de projetos que realmente façam a diferença positiva na vida dos curitibanos. Queremos dialogar. Vamos construir uma Curitiba com dignidade e direitos para todos.
Vamos trabalhar juntos para que possamos conviver em harmonia, sem discursos segregacionistas, e com ações que promovam o bem-estar e a dignidade de todos. Juntos podemos transformar nossa cidade em um exemplo de respeito e convivência pacífica.
Atenciosamente,
Toni Reis
Diretor-Presidente da Aliança Nacional LGBTI+
Diretor Executivo do Grupo Dignidade
Presidente da Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas – ABRAFH

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