O que esperar para a economia do país nos próximos anos
1. Crescimento Econômico Moderado com Riscos de Desaceleração
A economia brasileira deve crescer 2,2% em 2025 e 2,3% em 2026, segundo o Banco Mundial 5, alinhando-se com projeções do Boletim Focus 2. No entanto, o cenário é marcado por uma desaceleração gradual, especialmente no segundo semestre de 2025, com possibilidade de recessão técnica (dois trimestres consecutivos de queda do PIB) devido ao impacto do aperto monetário e redução de estímulos fiscais 8.
- Setores-chave: A agricultura, impulsionada por safras robustas, será um pilar do crescimento, com projeção de alta de 5% em 2025 após queda em 2024 8. Já indústria e serviços devem perder força, refletindo juros altos e menor investimento 8.
- Consumo das famílias: Espera-se desaceleração, mas ainda positivo (2,3% em 2025), sustentado por baixo desemprego (6,1% em 2024) 15.
2. Inflação Persistente e Juros Elevados
As expectativas para o IPCA em 2025 foram revisadas para 5,08% (acima do teto da meta de 4,5%) 2, com pressões vindas do câmbio depreciado (dólar acima de R$6,00) e custos de importação elevados por tarifas de Trump 7. Em resposta, o Banco Central mantém a Selic em 15% em 2025, com possibilidade de alta para 15,25% 1015.
- Efeitos colaterais: Juros reais próximos de 10% ao ano 15 limitam crédito e investimentos, enquanto 77% da população endividada enfrenta riscos de inadimplência 7.
3. Desafios Fiscais e Crescimento da Dívida Pública
A dívida pública líquida deve atingir 74,15% do PIB em 2027 2, com déficit primário projetado em -0,60% do PIB em 2025 2. A política fiscal expansionista de 2024 (que elevou o déficit nominal para 9% do PIB) gera desconfiança nos mercados, agravada pela falta de credibilidade no arcabouço fiscal atual 15.
- Riscos: A relação dívida/PIB pode chegar a 85,9% em 2026 se não houver ajustes, pressionando o governo a escolher entre inflação mais alta ou desemprego 15.
4. Cenário Externo Volátil e Impactos na Moeda
A política comercial de Trump (tarifas de até 60% para a China) pode fortalecer o dólar globalmente, pressionando o real e aumentando custos de importação no Brasil 7. Além disso, a desvalorização de 27% do real em 2024 15 já impactou a inflação e tende a limitar a apreciação da moeda, com expectativa de dólar em torno de R6,05−R6,10 no primeiro trimestre de 2025 7.
5. Reformas Estruturais e Oportunidades Sustentáveis
O Banco Mundial destaca a necessidade de o Brasil superar desafios como:
- Sistema tributário complexo e baixa integração em cadeias globais 3.
- Produtividade estagnada em indústria e serviços, dependente de avanços em educação e infraestrutura digital 3.
- Transição verde: O Plano de Transformação Ecológica (PTE) visa zerar o desmatamento ilegal até 2030 e promover energia limpa, mas depende de investimentos privados e cooperação política 3.
Perspectivas para 2026: Eleições e Dilemas Políticos
2026 será um ano eleitoral, com riscos de:
- Atraso em reformas fiscais devido à impopularidade de ajustes 15.
- Pressões inflacionárias caso o governo opte por monetizar dívidas 15.
- Volatilidade cambial, especialmente se houver incertezas sobre a direção política pós-eleições 8.
A economia brasileira enfrenta um biênio de crescimento moderado, inflação teimosa e riscos fiscais agudos. Enquanto o agronegócio e o consumo doméstico oferecem suporte, a alta dos juros, a desconfiança institucional e o cenário global volátil exigirão gestão cautelosa. A capacidade de avançar em reformas estruturais—especialmente fiscal e verde—será determinante para evitar um ciclo de estagnação prolongada.
Para monitorar em 2025-2026:
- Reações do BC às pressões inflacionárias 10.
- Impacto real das tarifas de Trump nas exportações brasileiras 7.
- Progresso do PTE e integração à economia de baixo carbono 3.
Atualizado com dados do Banco Mundial, Focus e análises de mercado em 23/01/2025.