Câncer de Mama em Jovens: IBCC Lança Estudo Inédito para Desvendar Desafios no Diagnóstico
O Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC Oncologia) acaba de dar um passo importante na luta contra o câncer de mama em mulheres jovens. Em parceria com o Centro Universitário São Camilo, a instituição lançou o Estudo DIANA, uma pesquisa que promete revelar os obstáculos enfrentados por pacientes com menos de 50 anos no diagnóstico e tratamento da doença.
A iniciativa não poderia ser mais oportuna. Afinal, o câncer de mama é o vilão número um entre as mulheres brasileiras, com mais de 66 mil novos casos surgindo a cada ano. E quando falamos das jovens, o cenário é ainda mais preocupante: elas representam até 5% dos diagnósticos, mas frequentemente recebem a notícia quando a doença já está em estágio avançado.
“As mulheres jovens acabam ficando numa espécie de limbo”, explica a Dra. Lílian Arruda, oncologista do IBCC e líder do estudo. “Elas não entram nos programas de rastreamento, que só começam aos 50 anos, e muitas vezes nem os médicos desconfiam de câncer numa paciente de 30 e poucos anos”.
O Estudo DIANA quer mudar esse jogo. A equipe está vasculhando prontuários, entrevistando pacientes e analisando dados para entender por que o diagnóstico demora tanto nessa faixa etária. Quanto tempo passa entre os primeiros sintomas e a confirmação da doença? E depois, quanto mais até o início do tratamento? São perguntas que os pesquisadores esperam responder até o primeiro semestre de 2025, quando os resultados serão divulgados.
Mas engana-se quem pensa que o estudo ficará só no papel. A Dra. Arruda tem grandes planos: “Queremos usar essas informações para sacudir as políticas de saúde. Precisamos de campanhas de conscientização específicas para as jovens e, quem sabe, até repensar a idade do rastreamento”.
O projeto nasceu da observação diária nos corredores do IBCC. “Víamos cada vez mais mulheres jovens chegando com tumores avançados”, conta a oncologista. “Isso mexeu com a gente. Sabíamos que precisávamos fazer algo”.
E não é para menos. O câncer de mama em mulheres abaixo dos 50 costuma ser mais agressivo e com pior prognóstico. “É como se o corpo jovem desse mais força para o tumor crescer”, explica a Dra. Arruda. “Por isso, cada dia de atraso no diagnóstico pode fazer uma diferença enorme”.
O Estudo DIANA também quer entender melhor como essas pacientes se saem depois do tratamento. Qual a taxa de sobrevida? Quantas têm recidivas? São dados preciosos que podem ajudar a melhorar o acompanhamento dessas mulheres a longo prazo.
Para as pacientes que já passaram por essa jornada, o estudo traz uma sensação de alívio. “Finalmente alguém está olhando para nós”, desabafa Maria*, de 38 anos, diagnosticada aos 35. “Passei meses indo de médico em médico até alguém pedir uma mamografia. Se tivesse descoberto antes, talvez não precisasse de quimio”.
O IBCC não está sozinho nessa empreitada. O Centro Universitário São Camilo embarcou de cabeça no projeto, com alunos de medicina participando ativamente da pesquisa. “É uma oportunidade única de formar médicos mais atentos a essa realidade”, ressalta a Dra. Arruda.
E o que esperar quando os resultados saírem? “Queremos causar um rebuliço positivo”, brinca a oncologista. “Imagina se conseguirmos fazer o Ministério da Saúde rever as diretrizes de rastreamento? Ou criar uma campanha nacional focada nas jovens? Seria um sonho”.
Por enquanto, a equipe segue debruçada sobre os dados, cruzando informações e buscando padrões que possam fazer a diferença. “Cada prontuário conta uma história”, reflete a Dra. Arruda. “E são essas histórias que vão nos ajudar a salvar vidas no futuro”.
O Estudo DIANA é mais do que números e estatísticas. É um grito de alerta, um chamado à ação. Porque quando se trata de câncer de mama, especialmente nas jovens, cada dia conta. E o IBCC está determinado a fazer esses dias valerem mais.
*Nome fictício para preservar a identidade da paciente.