Outubro rosa: como a cannabis age em pessoas com câncer
Uso do medicamento à base da planta ajuda a melhorar a qualidade de vida de pacientes, além de sua ação antitumoral
O Outubro Rosa aumenta a atenção para o câncer de mama, que atualmente é o tipo que mais acomete as mulheres no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Após o diagnóstico, tratamentos que envolvem cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal, terapia-alvo e imunoterapia, dependendo do estágio e do tipo específico do câncer, podem diminuir a qualidade de vida do paciente.
O uso de medicamentos à base de cannabis sativa tem sido uma alternativa segura e interessante para os momentos do tratamento e também para elevar a qualidade de vida das pacientes curadas.
Entre os principais benefícios do uso da cannabis medicinal estão: alívio da dor, redução da náusea e vômito, redução da ansiedade e estresse, melhoria do sono e aumento do apetite.
Apesar de alguns estudos pré-clínicos demonstrarem a ação antitumoral da cannabis, ainda não temos respaldo científico para garantir ação antitumoral, redução do tumor ou metástases. É importante balancear as expectativas do paciente que muitas vezes chega no consultório acreditando que a planta será uma alternativa milagrosa”, explica a diretora médica da Thronus Medical, Dra. Mariana Maciel.
Já o THC atua ajudando a diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, vômitos, dores no corpo e trazendo o apetite – algo que o tratamento faz desaparecer. “O bem estar desse paciente deve ser nosso principal objetivo, qualidade de vida é essencial. E o THC permite a melhora de vários incômodos comuns durante o tratamento”, pontua a Dra. Mariana.
CBD e THC
O CBD (canabidiol) e o THC (Δ9-tetraidrocanabinol) são os dois canabinoides mais abundantes na Cannabis. Ambos possuem efeitos medicinais e interagem com o corpo através do sistema endocanabinpoide, um sistema sinalizador vital responsável por regular inúmeras funções. Ambos os canabinoides possuem propriedades medicinais diversas e devem ser indicados conforme orientação médica.
O CBD não apresenta efeitos alucinógenos e intoxicantes, além disso não causa vício e nem gera dependência. Atualmente grande parte do CBD é extraído de uma variedade de Cannabis chamada “hemp” ou “cânhamo”, que possui concentrações muito baixas de THC, menor que 0,3%. Após extraído, o CBD pode ser totalmente isolado e usado na fabricação de produtos livres de qualquer quantidade de THC.
THC
O THC (Δ9-tetraidrocanabinol) tem propriedades medicinais importantíssimas, por isso é muito utilizado em diversos tratamentos. Entretanto, em razão da desinformação ou do preconceito, muitas pessoas acreditam que o THC é um vilão. Na medicina canabinoide as doses utilizadas são baixas e muitas vezes associadas ao canabidiol (CBD), que balanceia os efeitos colaterais do THC segundo evidências científicas.
Ou seja, os efeitos colaterais tornam-se mínimos quando há uma dosagem correta do produto orientada pelo médico ou especialista prescritor, dessa forma, não há motivos para enxergar esse grande aliado da medicina canabinoide como um vilão.
De acordo com a Dra. Mariana Maciel, o uso de cannabis medicinal no tratamento do câncer de mama oferece um potencial terapêutico relevante como adjuvante no manejo de sintomas e melhora da qualidade de vida. “A integração da cannabis no tratamento oncológico deve ser feita de forma cuidadosa, sob supervisão médica, e à medida que novos estudos validem seus benefícios e segurança”, finaliza a médica.