O poder feminino: quando o medo do câncer se transformou em coragem para empreender
- 27/09/2024
No complexo emaranhado da vida, infinitos momentos desafiam a história humana a todo tempo, mostrando em cada um de nós uma força interior diferente, que propulsiona a tomada de decisões e modifica essas linhas de forma definitiva.
Andréa Oliveira, nascida em Cornélio Procópio, região Norte do Paraná, fisioterapeuta há 28 anos, perdeu o chão ao descobrir em 2019 um câncer de mama.
A mulher corajosa e afeta a novos desafios se sentiu com medo e cheia de incertezas. “Lembro que começamos a fazer os exames e quando tive a confirmação do médico, tudo sumiu à minha volta. Parece que os minutos se transformaram em horas”, relembra.
Embora formada em fisioterapia, desde pequena Andréa tem paixão por cabelos, penteados e produtos capilares. E esse foi seu principal medo: A perda dos seus cabelos. “Uma das minhas primeiras perguntas foi essa: se perderia os cabelos, quais os tratamentos disponíveis e quais as possibilidades de não acontecer isto? Questionou.
No entanto, foi nessa escuridão imprevista que Andréa encontrou uma luz de esperança e determinação. Em vez de se render ao desespero, ela transformou seu medo em determinação e sua angústia em inspiração.
Foi assim que nasceu a ideia de sua loja de wigs – um refúgio seguro onde outras pessoas com inúmeros desafios possam encontrar conforto e confiança. “logo depois que o susto acalmou, comecei a procurar as wigs – versões modernas e de alta tecnologia das antigas perucas – , que aqui no Brasil ainda são novidade. E percebi que além de me ajudar, esses produtos também auxiliariam mais pessoas”, contou.
Com a decisão tomada, um novo desafio se colocava à sua frente: empreender no Brasil. Ainda mais na área de importação.
As peças ofertadas pela WIGS By Andréa Oliveira são trazidas de países como França, Alemanha, Estados Unidos, entre outros, por sua qualidade, preço e confiabilidade. São perucas de cabelos sintéticos e fios inteligentes, que retém a forma após serem lavadas e que podem ser modeladas, pois aceitam calor assim como os cabelos naturais.
Atualmente, a WIGS By Andréa Oliveira realiza as vendas no ambiente online e em seu Atelier em Curitiba. “Cada peruca exibida nas prateleiras carrega consigo não apenas fibras sintéticas ou naturais, mas também histórias de coragem, esperança e renascimento. Elas deixaram de ser peças vistas com maus olhos, como nos tempos da vovozinha, para se tornarem produtos desejados, inspiradores e modernos. As wigs são utilizadas em casamentos, formaturas, para amenizar os períodos de transições capilares, para os casos de perda total ou parcial de cabelo, enfim, uma infinidade de utilização”, explicou Andréa.
A jornada da empreendedora e mulher é prova irrefutável de que mesmo nos momentos mais sombrios, a luz da esperança nunca se apaga verdadeiramente. Andréa Oliveira pode ter enfrentado a escuridão do câncer, mas sua determinação, compaixão e força interior brilham como um farol para todos aqueles que cruzam seu caminho. Sua loja de wigs é mais do que um empreendimento comercial; é um símbolo vibrante de amor, coragem e resiliência em meio à adversidade.
O Brasil é quarto país do mundo no mercado da beleza, segundo a empresa Euromonitor International.
A Associação Brasileira da Indústria, Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), mostrou que somente nos últimos cinco anos (2018-2022), o crescimento desse setor foi de 560% em relação aos períodos anteriores.
As wigs vieram para se firmar ainda mais nesse mercado da beleza. Deixaram de ser objetos estereotipados e viraram desejo de muitas mulheres das mais diversas idades. Nilda utiliza o acessório há 2 anos e para ela, que teve queda expressiva de cabelos que tanto a incomodava, a Wig veio para recuperar a autoestima e seguir com o tratamento dermatológico sem mais preocupações.
No Brasil, a tendência pode ainda gerar estranheza para algumas mulheres, mas muitas celebridades nacionais e internacionais, já assumiram o uso das perucas. Beyoncé, Rihanna, Anitta, Bruna Marquezine, Ludmilla, as Kardashians, Cacau Protásio e Taís Araújo, por exemplo, já usaram os acessórios como forma de moda.
As modernas wigs são compostas na testa por uma tela invisível (lace top) que se parece com o couro cabeludo, o que faz com que seu uso seja imperceptível. “Muitas vezes vemos muitas famosas mudarem os cabelos em pouco tempo, mas sabemos que não há saúde capilar que suporte tamanhas alterações. Então, não tem como fugir, o uso das wigs é obrigatório”, ressalta Andréa.
Uma reportagem da revista ELLE de 2020, já apontava o crescimento internacional deste mercado: uma estimativa de que o mercado global de perucas e extensões de cabelo alcançasse receitas de mais de US$ 10 bilhões até 2023.
Já uma reportagem mais recente (2023) do portal Cidades e Condomínios, ressalta ainda mais esta ascensão deste mercado no mundo: confirma o valor de US$ 7,62 bilhões em 2023 e uma expectativa de quase dobrar a monta para US$ 13,28 bilhões até 2027.
No Brasil, apesar de não haver números oficiais, a realidade não é diferente. Segundo reportagem do SEBRAE do início do ano, o mercado de wigs e laces é um setor que tem crescido bastante nos últimos anos. Isso se deve ao fato de que as wigs são um acessório que pode ser usado por pessoas de todas as idades e gêneros. Além disso, elas têm se tornado cada vez mais populares entre as celebridades, o que tem ajudado a impulsionar ainda mais o mercado.
Para o SEBRAE as wigs despontariam como a nova aposta da moda em 2023. A tendência é que elas continuem sendo usadas como um acessório versátil, permitindo que as pessoas experimentem diferentes estilos e cores sem comprometer seu próprio cabelo. Além disso, as wigs podem ser usadas em várias ocasiões, desde eventos sociais até o uso cotidiano.
Uma outra razão para o aumento do interesse é a influência da indústria da moda. As perucas têm sido usadas em desfiles e em editoriais de revistas, o que as tornaram ainda mais populares. Além disso, as celebridades têm adotado as wigs como uma forma de expressar sua criatividade e personalidade, o que tem contribuído para o aumento do interesse pelo acessório.
Também não podemos ignorar um especial e recente fator de crescimento por motivos de saúde: um surto nos casos de alopecia por stress durante o período da pandemia. Dados revelam um aumento de vendas de 90% dessas peças no período pós-pandêmico, uma indicação da crescente demanda por esses produtos.
