Outubro Rosa: a importância do diagnóstico precoce para IST e outras doenças
Infecções Sexualmente Transmissíveis, se diagnosticadas no início, oferecem chance de tratamento e cura em menos tempo
O mês de outubro é marcado por ações afirmativas relacionadas à prevenção e ao estímulo ao diagnóstico precoce do câncer de mama. Desde os anos 1990, o Outubro Rosa é conhecido mundialmente por convidar, de forma mais intensa, as mulheres para a realização de exames preventivos e, por meio de análises clínicas, aumentarem as chances de cura. Porém, é importante lembrar que não é somente o câncer de mama que, quando diagnosticado precocemente, salva vidas. Quando reconhecidos ainda em estágio inicial, casos de câncer do colo uterino e de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) também podem ser controlados com maior efetividade.
Entre as ISTs mais comuns no Brasil estão: Herpes, HPV, Hepatite, Sífilis, HIV, Gonorréia, Clamídia e Candidíase. Todas necessitam não apenas de prevenção, por meio do uso de preservativos durante a relação sexual, por exemplo, mas também de tratamento adequado para evitar o avanço dos problemas e consequências mais sérias aos organismos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 38 milhões de pessoas no mundo convivem com o HIV. No Brasil, estimativas apontam que sejam aproximadamente 936 mil pessoas vivendo com HIV – vírus da imunodeficiência, que pode levar ao desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). No Paraná, de 2015 a 2022 foram notificados 9.641 casos de Aids em adultos e 19.040 de HIV. Em 2023, até o momento, o estado registrou 364 casos de Aids, além de 1.059 de HIV
Diagnóstico precoce evita casos mais graves
Patricia Domingues, doutora em biociências e biotecnologia e assessora científica do laboratório ID8 – Inovação em Diagnóstico, destaca que a maioria das infecções sexualmente transmissíveis é silenciosa. E a subnotificação de muitas delas, como no caso da Sífilis, por exemplo, é outro problema que faz com que muitas pessoas ainda sejam afetadas sem saber.
De 2017 a 2021, segundo dados da Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa), foram quase 40 mil novos casos de Sífilis diagnosticados somente no estado. No caso do HPV, responsável por quase 100% dos casos de câncer do colo do útero, o ideal é que o médico disponha de ferramentas diagnósticas para identificar a presença do material genético do vírus, e determinar se a infecção ocorreu por uma cepa viral de Alto ou Baixo risco de desenvolvimento de câncer. Esses testes podem ser realizados por diagnósticos moleculares, que, além de mais sensíveis que os exames de citologia, são bastante específicos.
“O HPV é responsável pelo aparecimento do câncer do colo uterino, seu tratamento vai desde a eliminação da lesão, quando descoberto precocemente, até cirurgias maiores em casos de doença avançada. Já o aumento de casos de clamídia, ureaplasma e mycoplasma têm risco de levar a quadros de doença inflamatória pélvica e infertilidade”, complementa Luiz Augusto Mazzarotto, ginecologista do Hospital VITA.
Por, geralmente, as IST serem assintomáticas, a falta de um diagnóstico rápido e preciso leva a uma maior taxa de transmissão e complicações clínicas. Nesse cenário, a agilidade no diagnóstico é um diferencial.
“Quando tratamos do fluxo de serviço diagnóstico, a liberação do laudo para o médico não deve exceder 24 horas, uma vez que já temos tecnologias que permitem esse tempo de liberação. Com os exames, os médicos terão em mãos um laudo assertivo e poderão disponibilizar um tratamento personalizado a suas pacientes, evitando os tratamentos empíricos, que aumentam o predomínio dos organismos resistentes. Quanto mais cedo o tratamento adequado iniciar, maiores as chances de controlar o avanço da patologia”, explica Dra. Patricia.
O ID8 disponibiliza o exame de Painel HPV, que além de detectar a presença do patógeno, também diferencia até 35 genótipos de HPV, informando se o genótipo encontrado é de Alto ou Baixo Risco oncogênico. Proporcionando assim, um resultado assertivo que auxiliará o médico na escolha do tratamento mais adequado para cada caso e no monitoramento das pacientes. Dentre as soluções diagnósticas ofertadas pelo ID8 encontram-se também, os painéis moleculares para diagnóstico das ISTs que mais atingem a população. A agilidade no diagnóstico permite tratamentos assertivos e eficazes.
Outras doenças não devem ser esquecidas: Câncer de mama e de Colo de útero
O câncer de mama é o tipo mais comum de câncer entre pessoas adultas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são mais de 2,3 milhões de casos registrados a cada ano. Em 95% dos países, é a primeira ou a segunda causa principal de mortes pela doença em mulheres. Mas homens, ainda que em casos muito raros, também podem manifestar o câncer de mama. Além disso, países com populações mais vulneráveis e com sistemas de saúde mais carentes de infraestrutura são menos capazes de administrar o problema de saúde.
Um estudo da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer indica que, em 2020, cerca de 4,4 milhões de mulheres morreram de câncer. Cerca de 25% do total de casos de câncer registrados foram de mama. Entre os tipos de câncer que mais matam, o câncer de mama é o quinto da lista, depois do câncer de pulmão, colorretal, fígado e estômago.
Algumas das razões para que ele seja tão comum na sociedade, dizem os especialistas, estão relacionadas a fatores sociais como o envelhecimento da população, maternidade cada vez mais tardia ou outras situações como obesidade, sedentarismo, consumo de álcool ou dietas inadequadas. As informações foram fornecidas ao jornal El País pelo médico Álvaro Rodriguez-Lescure, presidente da Sociedade Espanhola de Oncologia.
Câncer de colo do útero
O câncer do colo do útero é a principal causa de morte entre pessoas do sexo feminino na América Latina e no Caribe. Apesar de ser evitável e tratável, a doença mata 35,7 mil mulheres a cada ano nas Américas. A maioria desses casos (cerca de 80%) é registrado nessas regiões. Se as tendências atuais continuarem, estima-se que as mortes por câncer do colo do útero nas Américas aumente para mais de 51,5 mil em 2030 devido ao crescimento da população e aos ganhos na expectativa de vida. Quase 90% dessas mortes, de acordo com as perspectivas, ocorreriam na América Latina e no Caribe.
Uma das possibilidades de ações prévias que podem prevenir esse tipo de câncer é a vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV). O recomendado é que meninas entre nove e 14 anos sejam vacinadas nesta fase, pois os resultados mostram-se mais eficazes. As vacinas contra o HPV estão disponíveis em 35 países e territórios das Américas, mas as taxas de cobertura com as duas doses ainda não chegam a 80% das meninas. Junto com a vacinação contra o HPV, o rastreamento e o tratamento de lesões de forma precoce também podem prevenir novos casos e mortes. Se detectado precocemente, o câncer do colo do útero pode ser tratado e curado. Sem tratamento, esse câncer é quase sempre fatal.
Exames e cuidados fazem parte da prevenção
Várias são as formas de prevenção contra essas doenças. Luiz Augusto Mazzarotto, ginecologista do Hospital VITA, destaca que, além da consulta anual no ginecologista, evitar tabagismo e relações sexuais desprotegidas, manter alimentação saudável e praticar atividades físicas com regularidade são práticas essenciais para manter a saúde em dia e aliadas na prevenção.
“É extremamente importante que, em todas as idades, as meninas e mulheres façam a palpação das mamas e, no caso de identificarem qualquer nódulo sólido, procurem um médico o mais rápido possível. Nos casos das mulheres com histórico familiar de câncer de mama, o cuidado precisa ser redobrado. Para mulheres a partir de 40 anos, a mamografia também deve ser vista como uma aliada, assim como o exame ginecológico com a realização de papanicolau. Esses procedimentos devem ser feitos anualmente por toda mulher a partir do início da vida sexual. Para evitar as ISTs, o uso da camisinha é indispensável”, orienta.
Além dos cuidados, os exames preventivos são uma ótima alternativa para evitar doenças e até mesmo problemas na gravidez – tanto para a mulher, quanto para o feto. Essas análises acompanham a mulher em todas as fases da vida. Alguns são realizados desde a primeira consulta ao ginecologista, outros, após uma determinada idade ou ocorrência e devem ser repetidos todos os anos ou conforme indicação do médico. É importante lembrar que pessoas transgênero também devem realizar os exames de rotinas e de prevenção. Confira alguns e o que identificam e previnem:
Ultrassom pélvico: Exame não invasivo que possibilita ver útero, colo uterino, vagina, tubas uterinas e ovários. Geralmente é indicada a realização desde a primeira menstruação, pois garante que não existam complicações. Também é possível realizar o ultrassom transvaginal, exame que permite visualizar as mesmas estruturas de forma interna;
Papanicolau: Neste exame é possível identificar diversas doenças, como, por exemplo: Clamídia, Sífilis, Gonorreia, HPV, Candidíase, Tricomoníase e também detectar a presença de nódulos ou cistos. A realização desse exame é necessária para mulheres que iniciaram sua vida sexual, principalmente as que possuem entre 25 e 59 anos;
Mamografia e ultrassom das mamas: O exame de mamografia é pedido para mulheres a partir dos 40 anos, ou que tenham casos de câncer de mama na família. Ele detecta possíveis nódulos ou cistos. Para mulheres com menos de 40 anos, é indicado o ultrassom das mamas, e caso haja alguma alteração, é necessária a realização da mamografia;
Exame de sangue: Por meio da análise de amostras é possível verificar os níveis de colesterol, anemia, triglicérides, vitaminas e até mesmo se há a presença de alguma IST. Qualquer irregularidade nesse exame deve ser verificada posteriormente, pois provavelmente indica que algo está alterado.
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