Atualização de estudo da Interfarma endossa credenciais do Brasil para avanços em Pesquisas Clínicas
Características sociodemográficas e relevância do mercado farmacêutico brasileiro contribuem para que País se torne referência absoluta para realização de estudos clínicos
A Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) lança, neste mês, a nova edição do estudo “A Importância da Pesquisa Clínica para o Brasil”. Essa é a terceira atualização do material, inicialmente publicado em 2019 e produzido em parceria com a IQVIA e com apoio da Aliança Pesquisa Clínica Brasil. O documento traz o cenário atual da Pesquisa Clínica no Brasil, com atualização de dados quantitativos do Relatório de Atividades da COPEC e uma reflexão sobre pontos que podem colocar o país entre os líderes mundiais no assunto, além da análise crítica sobre fatores que mantém a nação como coadjuvante no setor. De acordo com a Interfarma, ao sediar mais inovações do setor farmacêutico, o País passaria a ter mais tecnologias a serem oferecidas ao mundo, favorecendo a hoje deficitária balança comercial, além de contribuir para o acesso da população brasileira a essas inovações.
Atualmente, o Brasil figura na 20ª posição no ranking mundial de pesquisa clínica, com apenas 2% dos estudos em 2022, segundo levantamento da IQVIA para o documento. O dado representa uma queda em relação ao percentual de estudos iniciados no país, que era de 2,3% em 2013. Países como Turquia, Taiwan e Egito, com menor PIB, população e mercado farmacêutico, ultrapassaram o Brasil no ranking entre 2013 e 2022. Ainda assim, o Brasil subiu duas posições no ranking entre o período citado. Com o melhor aproveitamento de seu potencial, o Brasil poderia saltar para a 10ª colocação, atraindo um investimento estimado de R$ 3 bilhões, com efeitos na economia ainda maiores, em torno de R$ 5 bilhões, aponta o levantamento.
Ainda de acordo com o relatório, estimativas para o investimento global em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) giravam em torno de US$ 186 milhões em 2019. A projeção é que esse número apresente um crescimento médio anual de 3,2% até 2026 e que desde o ano passado tenha superado os US$ 200 milhões.
A publicação reforça a alta relevância demográfica e econômica do Brasil para a viabilização de Pesquisas Clínicas. Com mais de 203 milhões de habitantes segundo dados atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)[1], o país é o quinto mais populoso do mundo[2], além de ocupar o posto de 12º maior Produto Interno Bruto (PIB) mundial[3]. Comparado a outros países da América Latina, o Brasil se destaca por ter o maior PIB, a maior população economicamente ativa e a maior população urbana da região, com 182 milhões de pessoas vivendo em perímetros urbanos. O fato de o Brasil ser o único com duas megacidades, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, confirma seu enorme potencial mercadológico. No entanto, a entidade alerta que é fundamental o incentivo a descentralização e melhor exploração do território nacional pela pesquisa clínica, promovendo o acesso a tratamentos de última geração a populações mais isoladas e carentes.
Soma-se a isso, o tamanho do mercado farmacêutico brasileiro, que figura entre os TOP 10 em número de farmacêuticas instaladas e apresentou um volume de vendas de US$ 31 bilhões em 2021[4], de acordo com levantamento da IQVIA para o estudo.
Dentre os fatores que podem contribuir para que o Brasil se destaque no cenário das Pesquisas Clínicas estão a diversidade étnica, o custo competitivo comparado a outros países e a robustez do ecossistema de saúde, com boa regulação sanitária. Destaca-se, também, o nível elevado de competência em pesquisa clínica dos pesquisadores brasileiros, reconhecidos mundialmente e importantes formadores de opinião. Ao incentivar estes profissionais a continuarem seus trabalhos em solo nacional, evita-se a fuga de cérebros para o exterior.
O estudo ressalta, ainda, o papel dos órgãos reguladores ao garantir o protocolo de estudo e de ética em pesquisa. Um exemplo apontado pela Interfarma é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que desde 2010 é considerada uma referência regional e possui o mais alto grau de competência e eficiência segundo classificação da própria Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento reforça o compromisso da ANVISA com o processo de análise de estudos clínicos realizados no Brasil, a exemplo das publicações das RDCs 205/2017 e 09/2015. Apesar da melhoria observada nos últimos anos, o estudo reforça que os tempos de aprovação ainda são desfavoráveis, quando comparados a regiões como EUA, Polônia e Argentina.
[1] Censo 2022. https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/. Acessado em 28.06.2023
[2] World Population Prospects – Population Division – United Nations. https://population.un.org/wpp/. Acessado 5 de junho de 2019
[3] World Economic Outlook Database April 2020. https://www.imf.org/en/Publications/WEO/weo-database/2020/April Acessado 29 de julho de 2021
[4] IQVIA Global Use of Medicines 2022