Ribeirão Preto tem novo serviço de cirurgias cardíacas pediátricas
Hospital São Lucas Ribeirânia já realizou, com sucesso, as primeiras cirurgias de alta complexidade em crianças com cardiopatias congênitas
O Hospital São Lucas Ribeirânia de Ribeirão Preto (SP), especializado no atendimento materno-infantil, passou a oferecer o serviço de cirurgias cardíacas pediátricas de todas as complexidades. O hospital conta com equipes multidisciplinares e toda estrutura física e tecnológica necessárias para esses procedimentos, disponibilizando 10 leitos de UTI totalmente equipados para dar suporte no pós-operatório.
Durante as cirurgias, os pacientes são acompanhados por cardiologista pediatra, anestesiologista experiente em cirurgia cardíaca pediátrica, e cirurgiões especializados nesse tipo de procedimento, além de instrumentadores e enfermeiros. Após a operação, passam a ter o cuidado também de médicos intensivistas e fisioterapeutas que auxiliam na reabilitação.
As doenças cardiovasculares que exigem esse tipo de cirurgia são em sua maioria congênitas (a criança nasce com elas) e cada uma tem uma urgência diferente no procedimento cirúrgico. Nas cardiopatias de baixa ou média complexidade, a criança pode esperar meses ou anos para realizar a correção, mas nas malformações de alta complexidade, as mais graves, o recém-nascido precisa passar pelo procedimento logo após o nascimento.
Ricardo Sgarbieri, um dos cirurgiões responsáveis pelo serviço no Hospital, explica que a cardiopatia congênita é um termo genérico utilizado para descrever alterações do coração e dos grandes vasos, que ocorrem enquanto o feto está se desenvolvendo no útero. De acordo com dados da American Heart Association, pode afetar 1 em cada 100 crianças. “Algumas cardiopatias podem ser diagnosticadas ainda intra-útero, por meio da ecocardiografia fetal, outras podem se manifestar logo após o nascimento e precisar de tratamento e até cirurgia nos primeiros dias de vida. Existe ainda as que podem ter manifestações mais discretas e serem diagnosticadas apenas mais tarde”, afirma.
O pequeno Nei nasceu em Rio Claro (SP) e foi diagnosticado logo após o parto com defeito no septo atrioventricular: uma doença complexa, que frequentemente ocorre associada à Síndrome de Down, e consiste na presença de uma falha entre os átrios e os ventrículos e a presença de uma válvula única entre eles, no lugar de duas. As crianças com esta doença devem realizar a cirurgia até um ano de idade, pelo risco maior de hipertensão pulmonar.
Depois de passar por alguns outros tratamentos, em junho Ney, com seis meses de idade, foi operado no Hospital Ribeirania. Sua mãe, a motorista Jocinéia Aparecida Maciel Perilli, afirma que a segurança e o aconchego que recebeu de toda a equipe do hospital foram fundamentais para que ela e o marido passassem por esse período difícil e transmitissem ao filho a tranquilidade que ele precisava para se recuperar da cirurgia. “O Ney é fênix, ressurgiu das cinzas e voltou para nós graças às mãos de tantos profissionais excelentes que cuidaram dele com tanto profissionalismo e carinho. Só tenho a agradecer a todos. A nossa ligação com a equipe e com Ribeirão ficou tão forte que resolvemos batizá-lo nessa cidade, que considero a sua verdadeira terra natal. Em Ribeirão ele nasceu de novo”, afirma, emocionada.