Desânimo ou depressão: Quais são as diferenças?
Especialista ajuda a identificar sintomas e entender quando é preciso procurar ajuda profissional
A depressão é um transtorno mental que afeta parte dos brasileiros. De acordo com a Pesquisa Vigitel, em média, 11,3% dos brasileiros relataram ter recebido um diagnóstico médico da doença. A frequência foi maior entre as mulheres (14,7%) em comparação com os homens (7,3%). Apesar do número alarmante, muitas vezes a doença é ignorada e interpretada de forma errada, como se fosse apenas desânimo ou tristeza, algo passageiro. Por isso, é fundamental compreender suas características e sintomas para procurar apoio quando necessário.
Para o psicólogo Pedro Sammarco, que atua na Telavita, primeira clínica digital de psicologia e psiquiatria do Brasil, o desânimo está associado a fatores orgânicos, não necessariamente psicológicos. Já a depressão é um quadro complexo com múltiplos aspectos a serem diagnosticados. Então, é importante destacar que o desânimo por si só não explica um quadro depressivo completo.
A identificação dos sintomas da depressão pode ser desafiadora para aqueles que não têm acompanhamento profissional. “Existem sinais a serem observados, como apatia, culpa, anedonia (perda de prazer nas atividades), falta de sentido, tristeza persistente, alterações no sono e apetite, mudanças de peso, entre outros. Caso você perceba esses sintomas em si mesmo ou em alguém próximo, é fundamental procurar um profissional da área de saúde mental”, explica Sammarco.
De acordo com o profissional, os principais sintomas da depressão podem ser agrupados em categorias. No âmbito do humor, destacam-se a ansiedade, apatia, culpa, descontentamento geral, desesperança, mudanças de humor, perda de interesse, solidão ou sofrimento emocional. Em termos de comportamento, podem ocorrer agitação, automutilação, choro excessivo, irritabilidade ou isolamento social. No sono, podem surgir problemas como despertar precoce, excesso de sonolência, insônia ou sono agitado. Já no corpo, é comum a presença de fadiga, fome excessiva ou inquietação. No campo cognitivo, a falta de concentração, lentidão durante atividades ou pensamentos suicidas podem ser observados. Em relação ao peso, tanto ganho quanto perda de peso podem ocorrer. Além disso, é frequente o abuso de substâncias, falta de apetite ou a repetição incessante de pensamentos.
“Recomendamos que qualquer indivíduo que perceba alterações em sua rotina relacionadas aos sintomas mencionados, busque ajuda o mais breve possível. O diagnóstico da depressão é realizado com base em relatos clínicos, e um profissional de saúde mental, como um psiquiatra, pode solicitar exames adicionais para descartar outras condições de saúde que possam apresentar sintomas semelhantes. É fundamental realizar um diagnóstico adequado para entender como o tratamento deve ser realizado”, explica o especialista em psicologia social.
O tratamento da depressão geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, podendo ser conduzido por profissionais de psicologia, psiquiatria, neurologia e até mesmo outras especialidades médicas, como endocrinologia – o que depende das necessidades individuais do paciente. A combinação de psicoterapia e tratamento psiquiátrico é frequentemente utilizada para alcançar melhores resultados.
“É importante destacar que a depressão é uma doença grave que pode ter consequências devastadoras, incluindo a incapacidade funcional e até mesmo o risco de suicídio. Portanto, é fundamental que haja uma maior conscientização sobre essa condição, a fim de reduzir o estigma e garantir que as pessoas afetadas recebam o suporte e tratamento adequados”, finaliza Sammarco.