Encurtamento de músculos pode afetar até 80% dos adultos jovens, diz estudo

Sedentarismo e má postura são as principais causas de encurtamento muscular

Apesar da população jovem parecer mais ativa e saudável do que as pessoas com mais idade, é cada vez mais comum encontrar jovens adultos com encurtamento muscular.

Um estudo realizado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) apontou que o encurtamento dos músculos isquiotibiais (responsáveis pela extensão do quadril e flexão dos joelhos) estava presente em 91% dos homens e em 82% das mulheres que participaram da pesquisa.

Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em Saúde Postural e Dores Crônicas, os isquiotibiais são um grupo muscular que fica na parte de trás das coxas. “Esses músculos são essenciais para o deslocamento do corpo para frente. Além disso, são responsáveis pelos movimentos de extensão do quadril e, principalmente, de flexão dos joelhos”.

“A má postura pode alterar a estrutura dos músculos, principalmente quando os vícios posturais não são corrigidos ao longo da infância e adolescência. O resultado é a perda ou redução da flexibilidade e da mobilidade. A pessoa nessas condições terá músculos encurtados e enfraquecidos e isto pode acarretar dores e dificuldade de realizar movimentos que exigem amplitude de movimento”, explica a especialista.

Má postura é a vilã

Hoje a principal causa de encurtamento dos isquiotibiais são os vícios de postura adotados pelas pessoas que passam a maior parte do tempo sentadas.

Outro fator de risco é o sedentarismo, algo cada vez mais prevalente em todas as faixas etárias, inclusive em crianças e jovens adultos.

Lei do mínimo esforço

Walkíria aponta que o encurtamento muscular ocorre quando o corpo passa a ignorar os músculos que não são usados. “Ou seja, o corpo se adapta nas posturas que exigem menos esforço e menos amplitude de movimento. Um bom exemplo de encurtamento nos isquiotibiais é quando a pessoa precisa abaixar para pegar algo no chão ou para calçar um sapato e sente dificuldade”.

“Na prática da clínica é comum percebermos que este tipo de encurtamento está associado a dores na região lombar, problemas e dores nos joelhos e alterações na marcha, já que a extensão do quadril fica comprometida e dores nas pernas. Nos casos mais avançados pode ocorrer diferença no comprimento de uma perna para a outra”, aponta a fisioterapeuta.

Eles sofrem mais

Os homens costumam ter mais problemas de encurtamento muscular que as mulheres, uma vez que biologicamente são menos flexíveis. Neste estudo da UNESP, os participantes foram divididos entre sedentários e praticantes de atividades físicas. Entre os sedentários 91% dos homens e 82% das mulheres apresentaram encurtamento dos isquiotibiais.

“O que nos chama a atenção é que o encurtamento muscular é cada vez mais frequente entre os jovens. Uma das explicações é que boa parte dessa população deixa de praticar esportes ao ingressar na faculdade, por exemplo. Além disso, passam a maior parte do tempo sentados, seja na universidade ou em outros momentos do dia a dia, como trabalho e estudos em casa”, diz Walkíria.

Alongar é fundamental, atividade física idem

A solução para prevenir o encurtamento muscular depende de uma série de fatores. “Quem passa muitas horas sentado, seja na escola ou no trabalho, tem um risco bastante aumentado para desenvolver encurtamento muscular. Este grupo precisa adotar hábitos preventivos, como a realização de alongamentos ao longo do dia. A prática de atividades físicas também é importante”, recomenda a especialista.

Por outro lado, quando já existe um quadro instalado de encurtamento muscular o tratamento envolve recursos da fisioterapia. “A primeira etapa é corrigir a postura e isso pode ser feito por meio da Reeducação Postural Global (RPG), além de técnicas de alongamento e fortalecimento das cadeias musculares. Podemos usar ainda o Pilates associado a treinos de força focado nos membros inferiores”.

“Todas estas técnicas ajudam o paciente a aumentar sua consciência corporal. A partir da percepção da má postura, a pessoa no dia a dia tende a corrigir sua posição para prevenir os encurtamentos. Depois do término da fisioterapia é importante seguir com alguma atividade física e alongamentos, que podem ser feitos em casa ou no trabalho”, finaliza Walkíria.

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