Algumas doenças vasculares têm maior prevalência em mulheres quando comparadas aos homens
Cuidar do sistema circulatório reduz o risco e complicações
Em 8 de Março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, a data é conhecida por reforçar temas de importância para a sociedade, como o empoderamento feminino, mas também prioriza a conscientização por assuntos como saúde e bem-estar. A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP) aproveita a ocasião para destacar alguns cuidados relacionados à saúde vascular da mulher.
Algumas doenças vasculares têm maior prevalência nas mulheres quando comparadas aos homens, como, por exemplo, as varizes, devido ao histórico familiar, fatores como mudanças hormonais durante a gravidez, menopausa e uso de contraceptivos orais.
A cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dra. Rina Maria Pereira Porta, esclarece que as varizes podem afetar a saúde das mulheres de várias maneiras. “Essa condição consiste em veias dilatadas e tortuosas que surgem principalmente nas pernas, mas também podem ocorrer em outras partes do corpo. Embora, geralmente não representem um problema de saúde grave, elas podem causar desconforto e ter consequências negativas para a saúde das mulheres. Pode também ocorrer com a gravidez devido ao aumento da pressão sanguínea e ao peso do útero em crescimento”, explica Dra. Rina.
Entre os principais sintomas das varizes estão dor, inchaço, cansaço e sensação de peso nas pernas, que podem afetar a qualidade de vida das mulheres e interferir na capacidade de realizar atividades diárias, como caminhar, subir escadas, entre outras ações. Além disso, as varizes podem prejudicar a autoestima e o bem-estar emocional das mulheres, especialmente àquelas que se sentem constrangidas em expor as pernas.
Dra. Rina alerta ainda que as varizes também aumentam o risco de complicações como a Trombose Venosa Profunda (TVP) e até mesmo embolia pulmonar. Nos casos avançados podem ocasionar as úlceras de perna, que são feridas que podem ser difíceis de cicatrizar e aumentam o risco de infecção.
Outras Doenças Vasculares merecem destaque por impactarem de modo significativo na saúde das mulheres
Doença Arterial Coronariana (DAC): é a principal causa de morte em mulheres em todo o mundo. Ela ocorre quando as artérias que fornecem sangue ao coração se tornam estreitas ou bloqueadas devido ao acúmulo de placas de gordura, o que pode levar a um ataque cardíaco. É mais comum após a menopausa, quando os níveis de estrogênio diminuem. A terapia de reposição hormonal pode ajudar a prevenir em mulheres na pós-menopausa.
Doença Arterial Periférica (DAP): é uma condição na qual as artérias que fornecem sangue para as pernas e pés se tornam estreitas ou bloqueadas, causando dor e dificuldade em caminhar. Ela pode levar a complicações como dor nas pernas, úlceras, gangrena e amputação. Além disso, também está associada a um risco aumentado de eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. É mais comum em mulheres do que em homens e pode ser agravada por fatores como diabetes, tabagismo e histórico familiar de doenças vasculares.
Acidente Vascular Cerebral (AVC): ocorre quando o fluxo sanguíneo para o cérebro é interrompido, causando danos às células cerebrais. As mulheres têm maior risco de AVC do que os homens, que aumenta após a menopausa devido às mudanças hormonais.
Trombose Venosa Profunda (TVP): é uma condição na qual um coágulo sanguíneo se forma em uma veia profunda, geralmente nas pernas, podendo o coágulo se soltar causando uma embolia pulmonar e requer tratamento imediato. As mulheres têm maior risco do que os homens, especialmente durante a gravidez e o pós-parto, devido a mudanças hormonais e à imobilidade.
Embolia pulmonar: ocorre quando um coágulo sanguíneo se solta e viaja para os pulmões, podendo ser fatal, dependendo do tamanho e da localização do trombo nos pulmões, requer internação hospitalar e tratamento de início imediato. A TVP, bem como a embolia pulmonar, também pode ocorrer em mulheres jovens que fazem uso de contraceptivos, principalmente quando está associado à história familiar de TVP, são obesas, fumantes ou passam por cirurgias ou imobilização prolongada.
Com o envelhecimento, as mulheres podem desenvolver outros fatores de risco, como a hipertensão arterial, o diabetes, a obesidade, o sedentarismo, ocasionando maior predisposição não somente para várias doenças vasculares, como outras doenças em geral.
Nos últimos anos, houve um grande avanço no diagnóstico precoce, tratamento e prevenção das doenças vasculares nas mulheres. A adoção de medidas preventivas, como uma alimentação saudável e a prática regular de atividade física, tem ajudado a reduzir a incidência de casos.
A cirurgiã vascular ressalta que é importante que as mulheres conheçam os sintomas e busquem orientação médica. “A evolução nos últimos anos de tratamento e diagnóstico precoce e preventivo tem sido significativa na saúde vascular feminina, o que proporciona um melhor controle e prevenção, e melhora assim a qualidade de vida delas. No entanto, é importante ressaltar a importância de manter uma alimentação equilibrada, rica em alimentos de origem vegetal (cereais, legumes, frutas, vegetais e ervas), ingestão de peixe, frutos do mar, ovos, carne branca e laticínios, atividade física e não fumar, e fazer check-ups regulares com o médico, que incluem aferir a pressão arterial e realizar exames que mostrem o nível de glicose no sangue e o colesterol”, reforça a médica.
“A atenção à sua saúde deve iniciar-se desde jovem, adquirindo hábitos saudáveis como atividades físicas regulares e alimentação correta, para que no futuro se mantenha uma boa qualidade de vida”, finaliza a cirurgiã vascular.