Riscos no esporte: Lesões cerebrais aumentam riscos de segundo impacto com danos ainda piores
As lesões no desporto são bastante comuns. Algumas mais aparatosas envolvendo lesões visíveis, sangramentos ou fraturas chamam mais a atenção, mas nem por isso são as mais perigosas ou com recuperação mais difícil.
No final de setembro, o quarterback Tua Tagovailoa, que atua no Miami Dolphins, recebeu o passe, mas foi derrubado. Após o embate, foi visível o balançar de cabeça e o tropeçar no chão enquanto tentava se livrar. Após um exame médico, ele voltou ao jogo contra o Buffalo Bills com o que seu treinador, mais tarde, disse ter sido uma lesão nas costas.
O PhD em neurociências Fabiano de Abreu Agrela reitera que devemos estar atentos às lesões invisíveis, principalmente as que afetam a cabeça e a coluna.
O PhD em neurociências Fabiano de Abreu Agrela reitera que devemos estar atentos às lesões invisíveis, principalmente as que afetam a cabeça e a coluna.
Ainda segundo o especialista, depois de acontecimentos como este, a chance de novo acontecimento com consequências piores tem grande chance de acontecer. E porquê? O tempo de recção aumenta e a nossa visão fica turva, menos nítida e menos focada. Este acontecimento veio a passar-se quatro dias depois num jogo contra os Cincinnati Bengals. Tagovailoa acabou por abandonar o campo com uma concussão como diagnóstico.
“Depois de um golpe na cabeça, quando o cérebro mole atinge o crânio inflexível, a lesão desencadeia uma catadupa de alterações. Entre estas mudanças podemos observar que algumas células nervosas se tornam hiperativas, a inflamação se instala e o fluxo sanguíneo é alterado. Esses eventos a jusante no cérebro – e como eles se relacionam com os sintomas de concussão – podem acontecer ao longo de horas e dias e não são fáceis de diagnosticar de forma rápida.”, aponta Abreu.
Como refere ainda o neurocientista, ” os exames de neuroimagem são úteis neste caso, para determinar os pormenores de lesão na região e adjacentes como consequência dos traumas sofridos para que, os responsáveis médicos possam determinar o período e tipo de tratamento, assim como o afastamento dos campos. Infelizmente muitas vezes as pessoas tendem a minimizar as consequências deste tipo de lesão pelos resultados não se apresentarem visíveis no imediato!”, conclui.