Medicamentos comuns que causam alucinações e outros efeitos colaterais: especialistas explicam os riscos e o porque algumas pessoas alucinam e outras não

O uso de medicamentos, sejam eles controlados ou não, trazem alguns efeitos colaterais que podem se manifestar nas pessoas. Enjoo, dores musculares, tonturas e dores de cabeça são algumas das reações mais comuns que os pacientes têm com certos medicamentos.

Os controlados chamados “medicamentos alucinógenos” afetam o cérebro e o corpo e têm potencial para fazer os pacientes perderem o controle de algumas ações. As alucinações ocorrem quando você sente algo que não está realmente lá – e tê-las pode ser um efeito colateral assustador ao medicamento. Elas podem ser vistas, ouvidas, sentidas ou mesmo cheiradas, alterando os sentidos. Geralmente as alucinações são associadas com o uso de drogas, porém existem medicamentos controlados e comuns que também podem causa-las. Os que contêm hormônios para engravidar ou até mesmo pílulas anticoncepcionais além dos medicamentos comumente usados para dormir, antidepressivos e de ansiedade, são os mais conhecidos por causar alucinações.

Recentemente, um caso chamou a atenção na internet: um jovem fez uso do remédio para insônia Zolpidem, que tem reação adversa na consciência e acabou comprando um pacote de viagens no valor de R$9,2 mil reais. A bula do medicamento adverte: “este medicamento pode causar sonambulismo ou outros comportamentos incomuns (dormir enquanto dirige, se alimenta, faz uma ligação de telefone ou durante o ato sexual) enquanto não está totalmente acordado […] Na manhã seguinte, você poderá não lembrar o que fez durante a noite”, e foi exatamente isto que aconteceu no caso.

MEDICAMENTOS COMUNS QUE PODEM CAUSAR ALUCINAÇÕES E VOCÊ NÃO SABIA

Quais são os tipos de medicamentos que causam os eventos adversos em quem os utiliza? O Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi) – médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia aponta alguns deles:

1. Analgésicos

Efeitos colaterais: Euforia, sedação, vertigem, diminuição da concentração e da capacidade cognitiva, passividade.

2. Antitussígenos (xaropes para tosse) 

Efeitos colaterais: Euforia, sedação, vertigem, diminuição da concentração e da capacidade cognitiva com menos intensidade do que os analgésicos.

3. Antidepressivos

Efeitos colaterais: Sedação pronunciada, problemas de acomodação, hipotensão, fadiga, vertigens e alterações do comportamento.

4. Anti-histamínicos (antialérgicos)

Efeitos colaterais: Sedação, ansiedade, insônia, parestesia, alterações da visão e alucinações.

5. Relaxantes musculares

Efeitos colaterais: Euforia, sedação, vertigem, diminuição da concentração e da capacidade cognitiva e passividade.

6. Antidiabéticos 

Efeitos colaterais: palpitações, náuseas, alterações na visão; agressividade, alucinações, tonturas, hipoglicemia e alteração do comportamento.

7. Antiepilépticos

Efeitos colaterais: sonolência, confusão, perda de memória e concentração, letargia e diminuição da capacidade psicomotora.

8. Antiácidos (remédios para azia) 

Existe efeito colateral mais irritante do que o inchaço abdominal seguido de flatulência? O inchaço abdominal pode ser desconfortável e embaraçoso e medicamentos que contêm os açúcares lactulose ou sorbitol, que são usados ​​para tratar a constipação, podem causar inchaço, assim como os antiácidos vendidos sem receita com carbonato de cálcio em sua composição, como o omeprazol, um medicamento comumente prescrito para azia, também tem inchaço como efeito colateral de seu consumo, completa o Dr. Lucidi.

O que instiga o questionamento geral é saber o por que em algumas pessoas ocorrem os efeitos colaterais alucinógenos e em outras não? 

O Dr. Higor Caldato, médico psiquiatra e sócio da Nutrindo Ideais, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares (@drhigorcaldato) explica que cada pessoa tem sua particularidade, como o contexto em que vive e hábitos de vida e não se pode generalizar a análise dos fenômenos. No âmbito da composição química dos remédios, de forma simplificada, podemos dizer que o cérebro pode sofrer uma intoxicação, o que prejudica o seu processo normal de funcionamento. Algumas pessoas são mais suscetíveis geralmente pela idade, doenças associadas, uso de outras medicações e tipos de metabolismo hepático. É importante sempre consultar um especialista antes de fazer uso destes tipos de medicamento.

 

Fontes: 

Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi) https://www.instagram.com/alucidi/ – médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia. Com atuação em Neurogenética e Neuroimunologia, é graduado em Medicina pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), tem Residência Médica em Genética Médica pelo Instituto Nacional da Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira, Fiocruz (IFF/Fiocruz) e Especialização em Neurologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (HUGG/UNIRIO). Atua como pesquisador no Centro de Pesquisa Clínica e é mestre do Programa de Pós-Graduação em Neurologia da HUGG/UNIRIO, participando de estudos fase 3 na mesma instituição. É integrante da equipe de Neurologistas do Hospital Copa D’Or/Rede D’Or São Luiz e voluntário em ações de conscientização sobre a esclerose múltipla na Associação de Pacientes do Estado do Rio de Janeiro. Trabalha além da medicina, questões relacionadas à acessibilidade, inclusão de pessoas com deficiências, questões étnicas/ relacionadas à ancestralidade e políticas públicas de saúde e educação.

Dr. Higor Caldato, médico psiquiatra e sócio da Nutrindo Ideais, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares (@drhigorcaldato) – http://instagram.com/drhigorcaldato – Graduado em medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC/FAHESA) e fez sua residência médica em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como suas especializações de psicoterapias e transtornos alimentares também pela universidade carioca.

REFERÊNCIAS –

MEDICAMENTOS PRESCRITOS, MEDICAMENTOS DE VENDA LIVRE E SUPLEMENTOS –

https://www.everydayhealth.com/drugs/

ALUCINAÇÕES VISUAIS RELACIONADAS A MEDICAMENTOS: O QUE VOCÊ PRECISA SABER –

https://www.aao.org/eyenet/article/medication-related-visual-hallucinations-what-you-

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