Corrida está entre atividades mais comuns que causam a Síndrome Compartimental

Especialista do TRAUMA explica o problema e frisa a importância de diagnóstico precoce

A prática da corrida tem ganho cada vez mais adesão, fortalecendo-se, principalmente, na pandemia, por ser um exercício que pode ser feito de forma individual e ao livre. Com vários benefícios para a saúde, o impacto da atividade, no entanto, pode resultar na Síndrome Compartimental Crônica, doença que pode causar danos nos músculos e nervos. O quadro clínico começa primeiramente com a dor, inchaço no membro acometido e, em alguns casos, se negligenciado, pode evoluir para alterações transitórias e até mesmo definitivas na musculatura e estruturas nervosas. “O problema pode acometer qualquer pessoa, mas é mais comum em pessoas jovens do sexo masculino e que participam de esportes que envolvem exercícios de impacto repetitivo, como a corrida”, fala o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA), Dr. Vincenzo Giordano Neto.

Durante o exercício, aumenta-se o suprimento de sangue para os músculos, fazendo-os aumentar de volume. “O tamanho do músculo pode aumentar em até 20% durante o exercício, mas o tecido conectivo (fáscia) que envolve os músculos e estruturas ao redor não tem a mesma capacidade de elasticidade e distensão que outros tecidos, como a pele, por exemplo”, explica. Dessa forma, a pressão no compartimento aumenta, levando a alterações nos vasos, que facilitam o acúmulo de líquidos inflamatórios no local e, com o tempo, a pressão continua a aumentar e comprime vasos menores e, em situações extremas, até mesmo vasos maiores, gerando uma falta de oxigênio nos músculos e nervos, ocasionando a Síndrome Compartimental Crônica”, completa.

O especialista ressalta que interromper a prática de exercícios físicos é a medida mais indicada se for feita nos primeiros sintomas. “Em casos em que se ignore os sinais e o processo evolua para quadros mais graves, podemos ter a doença Síndrome Compartimental em sua forma aguda. Esta é uma emergência ortopédica que pode precisar de tratamento cirúrgico”, pontua. Na forma crônica, o médico ressalta que, além da parada no momento, é necessário alterar a rotina de exercícios, pois “as dores e o inchaço podem até cessar momentaneamente, mas quando o indivíduo retomar o nível de atividade física anterior, os sintomas tendem a retornar”.

Nos casos cirúrgicos, após o procedimento, o retorno ao esporte é variável conforme a gravidade e estágio em que foi interrompida e deve ser feito de maneira gradual, acompanhado por equipe multidisciplinar.

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