Alto custo impede os jovens de aprenderem outro idioma
Fator financeiro é o principal obstáculo para os brasileiros estudarem uma nova língua
Nos últimos anos, diversas competências ganharam relevância no mundo corporativo. No entanto, uma sempre foi bem vista: o domínio de outro dialeto. Apesar disso, poucos brasileiros têm essa capacidade. Para entender mais sobre o tema, o Nube – Núcleo Brasileiro de Estágios fez uma pesquisa e perguntou: “se você não estuda (ou aprendeu) um segundo idioma, qual o principal motivo?”. Com dados coletados entre os dias 18 e 29 de julho, o levantamento contou com a participação de 20.656 respondentes, de 15 a 29 anos de idade.
O valor alto é o principal obstáculo
A maior parte dos jovens, 68,71% (ou 14.192) disseram não ter condições de pagar um curso. Para a selecionadora do Nube, Bruna Vitorelli, existem outros jeitos de obter o conteúdo. “Hoje, há diversas formas de aprender algo novo, até pela facilidade ao acesso às informações. Além disso, o inglês, por exemplo, está inserido na nossa rotina por meio de músicas, séries, filmes, jogos, arte, entre outros. Muita coisa absorvemos pela vivência. Uma dica é explorar esses recursos o máximo possível. Também, é interessante buscar por aulas on-line. É possível encontrar opções com preços mais acessíveis, focados em conversação e escrita”.
Muitos enfrentam dificuldade para achar espaço na agenda
Por outro lado, 16,59% (3.426) não adquirem esse saber por falta de tempo. De acordo com a especialista, é interessante se organizar melhor para encontrar um espaço na rotina. “Nos dias atuais, o mercado de trabalho tem demandas cada vez mais plurais para uma única área. É difícil um profissional ser contratado para executar somente uma função específica. Logo, é preciso ter flexibilidade e conhecimento diversificado em vários assuntos. Isso está diretamente ligado ao quanto conseguiremos transitar pelos ambientes. As empresas fazem negócios no mundo todo com clientes internacionais ou fornecedores estrangeiros. Dessa forma, é importante encaixar momentos de estudo no cotidiano, ter um tempo determinado para se reciclar”, destaca.
Ela ainda ressalta como essa atitude faz a diferença na hora dos processos seletivos para vagas de estágio. “Obter conteúdos direcionados para seus objetivos de carreira e falar inglês, por exemplo, hoje é colocado como indispensável. É difícil convencer as corporações a flexibilizar o nível de fluência para o intermediário e, ainda sim, pedem para priorizar candidatos com facilidade ou vivência com a língua”, explica.
Várias pessoas preferem gastar o dinheiro com outras coisas
Segundo 11,54% (2.383), as escolas têm preço muito elevado e, por isso, eles preferem direcionar suas rendas para outros fins. Para esses, o ideal é identificar quais são as prioridades para a vida. “Se você deseja uma boa colocação no mercado de trabalho e quer ser valorizado, então precisa investir na sua formação. Muitas companhias nem cogitam chamar para a entrevista quem fala apenas português. Logo, pode perder a possibilidade de ser visto por não se esforçar o suficiente”, aconselha Bruna.
Alguns não entendem o motivo de aprender outra língua
Já 1,79% (369) não enxergam motivos para buscar essa competência. “Nossos conhecimentos nos engrandecem pessoalmente. Informar-se sobre novas culturas e se aprofundar em algo novo te torna admirável e rico intelectualmente. Além disso, te proporciona oportunidades em geral, como fazer uma viagem, falar com cidadãos de outros países, conseguir um emprego legal e ter um bom relacionamento interpessoal em qualquer lugar. Hoje, essa aptidão é imprescindível em organizações de todos os segmentos para realizar contato com outras nações, ler documentos, responder e-mail, mexer em sistema sem tradução, entre outros. Por isso, é fundamental se adaptar”, aponta a selecionadora.
Poucos estão insatisfeitos e fazem algo para melhorar
Apenas 286 entrevistados, um recorte de 1,38%, acham suficiente entender português e nunca tiveram vontade de aprender outro idioma. “Isso é o mínimo e essencial. No entanto, a maioria das reprovações nas entrevistas é pelo uso inadequado da nossa língua nativa, conjugações de verbos errados, discursos prolixos, erros de uso do plural e problemas com palavras no infinitivo”, alerta.
Por fim, a especialista ressalta: “ter um bom domínio, trazer uma comunicação coesa e objetiva te colocará à frente de muitos concorrentes dentro das seleções, mas se outros candidatos forem poliglotas, possivelmente conquistarão a vaga e você ficará de fora”.