Estoicismo, 2000 anos depois, ainda serve?

*Por Ronaldo Rangel Cruz

“O Mundo é um grande sistema, é uma ordem necessária, são relações causais necessárias” (pensamento Estoico). O Mundo é uma racionalidade plena que busca uma harmonia maior. Estre fenômeno é chamado pelos estoicos de “Logos”. Mas quem era ou são os estoicos? Podemos entender que os estoicos são os pensadores que tem no Estoicismo sua estrada de pensamento e direcionamento cotidiano.

O estoicismo de maneira muito simplista é uma escola filosófica que valoriza a fidelidade ao conhecimento e o foco em tudo aquilo que pode ser controlado somente pela própria pessoa. Rejeita sentimentos externos, como a paixão e os desejos extremos, que não pode ser controlados.

Criada por Zenão de Cítio, em Atenas em aproximadamente em 300 a.C., mas foi mais desenvolvida em Roma. Entende que todo o universo é governado por uma lei natural divina e racional. Desta forma, para o ser humano alcançar a verdadeira felicidade, deve depender apenas da sua “virtude”, ou seja, os seus conhecimentos e valores, abrindo mão do “vício”, ou o mal absoluto.

A mente calma e racional, independente do que aconteça, permite ao ser humano a reconhecer e se concentrar naquilo que pode controlar e a não se preocupar, mas aceitar o que não pode controlar.

Para o pensamento estoico, o mundo é harmônico, e apesar de todos os males que podem nos atingir, é possível ser feliz, para tanto se deve buscar a sabedoria, direcionando a vida de acordo com a ordem natural das coisas. Em outras palavras, buscando em nós mesmos uma harmonia que reproduza a harmonia do mundo. Bem como desenvolver a capacidade em separar o que está em nosso poder, daquilo que está fora do nosso controle. Por exemplo, os males externos a nós. Muitas vezes sofremos por tentar modificar o que não pode ser modificado, aquilo que não está em nosso poder.

Mas o que está em nosso poder afinal? A nossa interioridade. É impossível controlar o amor, o ódio ou a inveja do outro, ou ainda, as traições os abandonos, assim como as questões da natureza, catástrofes, doenças ou o tempo. Porém, dentro de nossa interioridade, podemos desenvolver nossa razão. Podemos educar nossa razão desenvolvendo a prudência, por meio das virtudes por exemplo. Para a filosofia seriam quatro as virtudes principais, a sabedoria, a justiça, a temperança e a coragem.

A sabedoria é o resultado do nosso desenvolvimento do conhecimento associado às experiências, a justiça se refere a uma vida equilibrada, a temperança é a moderação, a capacidade de controlar as reações oriundas das paixões ou sentimentos e a coragem se refere a força necessária para viver, enfrentar o cotidiano como ele de fato é.

Estas virtudes são o resultado de um exercício árduo e continuo de busca, desenvolvimento e controle, alcançando assim um estado de “tranquilidade da alma” (termo estoico), saber separar o que está e o que não está em meu poder, evitando ser seduzido pelos males ou paixões ruins, como ódio, desprezo, ou outros.  Este seria o caminho para a felicidade.

O estoico busca agir de forma racional, mesmo na presença de sentimentos ruins ou negativos. O estoico possui sentimento, como todo o ser humano, porém não é prisioneiro deles.

Enfim, será que o pensamento do estoicismo ainda faz sentido nos dias atuais? Cada um fique à vontade para aprofundar seu conhecimento referente ao estoicismo e assim chegar as suas conclusões, mas nos parece que ainda faz sentido nos dias atuais. Pois o sofrimento gerado pela própria vida ou pela natureza continua aí e assim, muitas vezes nos atingindo. Porém, nos parece que neste mundo cada vez mais caótico em suas relações exige dos indivíduos cada vez mais a busca das tais virtudes e a aceitação da vida como ela é, e desta forma, por meio de nossa sabedoria, conseguirmos nos harmonizar com esta vida. Entendendo o mundo, aceitando-o como tal e nos transformando, para assim sofrermos menos e por vezes sermos felizes.

  • * Ronaldo Rangel Cruz – coordenador do curso de Psicologia da Estácio Curitiba

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