Mitos X Verdades sobre desenvolvimento infantil
Passar pelo processo de desenvolvimento de uma criança requer diversos estímulos específicos que muitas vezes deixam os pais em estado de "confusão" nos primeiros anos; especialista lista os principais mitos e verdades sobre o tema
Pensar em processos que ajudem no desenvolvimento de um bebê é uma tarefa complicada, principalmente para os pais de primeira viagem. Para se ter uma ideia, de acordo com diretrizes divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), “a primeira infância é um período de rápido desenvolvimento e uma época em que os padrões de estilo de vida da família podem ser adaptados para aumentar os ganhos em saúde”. Muitos pais ficam “perdidos nessa tarefa”, mas é preciso ficar antenado sobre quais estímulos o bebê deve receber para ter um completo desenvolvimento infantil, principalmente dos 0 aos 2 anos.
De olho neste cenário, Ane Macedo, especialista em Neurociência e desenvolvimento infantil do Projeto Pigmeu, que desenvolveu um clube de assinaturas infantil, listou alguns mitos e verdades sobre o tema abaixo. Confira:
Meu filho não precisa de estímulos, preciso apenas deixar que ele aprenda de forma natural.
Mito. “Um dos principais erros no desenvolvimento infantil é a falta ou até o excesso de estímulos. Existem atividades específicas para cada fase e saber usá-las é essencial. Mas é preciso tomar cuidados com os excessos para que a criança também não fique prejudicada. Um exemplo mais contemporâneo praticado pelos pais é: fazer tudo pela criança, mesmo tarefas que elas já podem realizar sozinhas, superprotegendo o filho, isso também é prejudicial ao desenvolvimento social”, explica a especialista.
Por meio dos estímulos é possível fazer com que a criança comece a falar antes.
Verdade. “Comunicação é a base do sucesso – seja ela verbal ou não. Apontar objetos e falar os nomes deles é uma boa ferramenta para estimular a fala da criança, assim como contar histórias ou conversar sobre como foi o dia. Mas é preciso não frustrar a criança com frases como “não entendo nada do que você fala”. Estimule seu bebê a ser um tagarela. E, para adiantar a fala do bebê, comece a ensinar as vogais a partir do primeiro ano, essa é uma ótima estratégia”, conta Ane.
Não consigo ajudar no desenvolvimento dos meus filhos, pois eles não têm muitos brinquedos.
Mito. “Não é preciso ter uma diversidade de brinquedos, mas é necessário focar nas interações, Por exemplo: um passeio na rua, na praia, para a criança tudo é ludicidade e esse aumento da percepção de mundo que vem através das experiências é importante. Sobre os brinquedos, mais importante do que a quantidade é a proposta pedagógica do brinquedo. Quanto mais criativo e divertido ele for, melhor. As opções em que o bebê interage mais com o mundo e ao mesmo tempo cria o seu próprio “universo” são interessantes”, explica.
Meu filho não aprendeu a andar na hora certa.
Mito. “Não existe hora certa, cada criança tem seu tempo. O importante é estimular a criança para que ela desenvolva força em seus membros inferiores e se sinta desafiada a caminhar”, diz a especialista.
Tenho medo que o meu filho entenda as discussões de adultos e isso possa gerar traumas nele.
Verdade. “O bebê escuta e pode não entender o que significam as palavras da discussão, mas todo ser humano vem internamente com o noções de certo e errado e isso já foi comprovado por estudos que mostraram que bebês conseguem detectar uma injustiça e se posicionar internamente diante dela – mesmo sem que a comunicação esteja desenvolvida a percepção do certo e errado já existe. Por isso, o melhor é proteger a criança de interpretações equivocadas e de sentimentos nocivos como o da impotência e confusão interna na vida adulta, gerados por traumas vividos na infância”, esclarece Ane.
Quanto menos estímulo mais tempo o bebê leva para se desenvolver?
Verdade.“Os bebês precisam de estímulos certos e aplicados de forma certa. A falta ou o exagero de estímulos podem ser negativos. Além disso, o uso elevado de telas como “recurso pedagógico”. Muitos estímulos com o propósito apenas de passar o tempo e não o de educar”, complementa.
Acho que ler histórias para crianças antes de dormir não faz diferença no seu desenvolvimento.
Mito. “Faz sim toda a diferença. Ler histórias ajuda na formação de vocabulário, desenvolvimento cognitivo, cria vínculos entre pais e filhos, além de incentivar a leitura. É preciso paciência e persistência. A constância será a chave para o sucesso, mas não fique frustrado nem estresse a criança caso ela não responda a certo estímulo como você gostaria. A vida é um processo, está tudo bem”, finaliza Ane Macedo.