Cirurgia robótica de joelho: mitos e verdades sobre esse procedimento

Realizada no Brasil há pouco mais de um ano, a cirurgia robótica para colocação de prótese no joelho ainda desperta algumas dúvidas nos pacientes com artrose e que aguardam uma oportunidade para este tipo de tratamento

Cirurgias sempre causam sentimentos diversos nas pessoas, seja por receio de não dar certo ou pela expectativa de uma rápida recuperação. Essas reações, aliadas à novidade da tecnologia robótica na Medicina, aumentam ainda mais as dúvidas e as curiosidades da população. Podemos afirmar que o Brasil é hoje um dos primeiros países da América Latina a oferecer acesso aos pacientes de um inovador sistema robótico usado como auxiliar na cirurgia para colocação de prótese no joelho, também chamada de artroplastia total do joelho. O sistema robótico ROSA® Knee foi desenvolvido pela Zimmer Biomet, empresa multinacional americana e líder global em saúde musculoesquelética, representada pela Medicalway Equipamentos Médicos em Curitiba-PR.

Segundo o Dr. Fabiano Kupczik, médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho no Hospital Marcelino Champagnat em Curitiba, atualmente a nova tecnologia robótica é usada na ortopedia para a colocação de uma prótese total no joelho. Em breve, este sistema robótico também estará disponível para colocação de prótese parcial no joelho (unicompartimental) e prótese total do quadril. “A indicação da nova tecnologia robótica é principalmente para pacientes com artrose em estágios mais avançados no joelho e nos quais o tratamento conservador ou não cirúrgico já não tem mais eficácia, com o paciente sentindo muita dor devido à deformidade no joelho, limitação da mobilidade articular e dificuldade para caminhar. Então, este quadro de artrose no joelho leva à indicação da cirurgia de prótese, sendo que a robótica pode auxiliar o cirurgião na maioria destes casos”, explica o cirurgião.

Trata-se de uma cirurgia complexa que consiste na substituição da articulação afetada por um implante formado por peças metálicas e um polietileno, a chamada prótese total do joelho. Esta prótese é fixada ao osso por meio de um cimento especial. Salienta-se que a cirurgia robótica é uma evolução da ciência e da Medicina e que traz instrumentos de grande precisão para auxiliar o cirurgião e para melhorar a recuperação dos pacientes.

Não há como negar que a medicina caminha cada vez mais próxima da tecnologia e seus avanços devem ser levados aos pacientes que precisam tratar principalmente a dor. Então, a artroplastia do joelho é uma cirurgia que evoluiu muito nos últimos anos e, agora, muitos profissionais da ortopedia se especializam em técnicas refinadas como a robótica, que já acontece no país há pouco mais de um ano, desde a chegada do primeiro sistema voltado para esta prática, o sistema ROSA® Knee.

A diferença entre a cirurgia de prótese total do joelho convencional e a robótica é que a robótica permite maior precisão técnica, um detalhado planejamento pré-operatório, uma menor agressão cirúrgica e uma proteção maior dos tecidos de partes moles do joelho. “Com o sistema robótico, há uma interação em tempo real entre cirurgião e o robô, proporcionando maior flexibilização na hora de executar a cirurgia e adaptando a técnica cirúrgica para a anatomia e a biomecânica do próprio paciente. Com essa nova ferramenta tecnológica, podemos acelerar a recuperação pós-operatória do paciente”, complementa o Dr. Fabiano Kupczik.

O ROSA® Knee possui um sistema intuitivo e planejado para cortes ósseos exatos, que ajuda o cirurgião ortopedista em toda a cirurgia. O robô oferece ainda uma ferramenta de validação para o “encaixe” exato da prótese, evitando folgas e garantindo um ajuste perfeito da prótese à anatomia do paciente.

Desenvolvido pela multinacional americana líder global em saúde musculoesquelética Zimmer Biomet, o ROSA® Knee está presente em treze hospitais de sete estados brasileiros e já são mais de de 500 cirurgias realizadas com o robô ROSA® Knee no Brasil.  Em Curitiba, são duas unidades em operação – uma no Hospital Marcelino Champagnat e outra no Hospital Pilar.

Para quem ainda tem dúvidas sobre esse tipo de procedimento, conversamos com o Dr. Fabiano Kupczik, médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho no Hospital Marcelino Champagnat, que explicou com detalhes, alguns mitos e verdades sobre o tema:

1 – Quem opera é um robô?

Essa dúvida sempre aparece, afinal os filmes sempre apostam na tecnologia artificial, mas a realidade é outra. Esses sistemas robóticos como o ROSA® são centrados e comandados por um cirurgião devidamente habilitado para este procedimento. Quem está à frente é sempre o cirurgião e sua equipe, que comandam de forma interativa a máquina. A diferença da cirurgia robótica para os métodos convencionais é a precisão submilimétrica oferecida pela tecnologia, o que garante um resultado melhor, com um alinhamento exato e uma recuperação mais rápida do paciente, com menos dores.

2 – Qual a importância de um cirurgião devidamente capacitado para comandar uma cirurgia robótica ou a cirurgia é feita por inteligência artificial?

O cirurgião precisa ter todo o conhecimento na anatomia, conhecer o paciente, saber todos os princípios técnicos da colocação da prótese e dos nuances da cirurgia de artroplastia total do joelho. É ele quem deve saber e conhecer os os diferentes tipos de procedimentos, e o cirurgião e equipe têm a consciência de que o robô não faz tudo sozinho. É o cirurgião quem realiza o balanço ligamentar individualizado para cada caso e para cada joelho, então, o robô funciona como um “auxiliar” no centro cirúrgico. Robôs como o ROSA® foram desenvolvidos para ajudar o trabalho dos cirurgiões, e não são autônomos, nem operam por inteligência artificial. O sistema fornece uma análise contínua dos dados para auxiliar na tomada de decisões complexas e permite que os cirurgiões usem a tecnologia para posicionar instrumentos cirúrgicos, permitindo grande precisão durante os procedimentos. O ROSA® Knee fornece imagens pré-operatórias baseadas em raios-X para criar um modelo 3D e plano da anatomia óssea de um paciente, além do mapeamento intra-operatório em tempo real da anatomia, do movimento e da tensão dos ligamentos do joelho, ajudando os especialistas a personalizarem o procedimento e a otimizarem a colocação dos implantes da prótese.

3 – Essa cirurgia é mais comum em pessoas idosas?

Sim, mas a cirurgia robótica não tem uma limitação de idade! A prótese total do joelho geralmente é mais indicada em pessoas acima dos sessenta anos, mas a idade não é mais um fator determinante. Atualmente, vemos muitos pacientes jovens com artrose na qual nenhum outro tipo de tratamento pode ser realizado. Assim, estes pacientes também podem fazer a cirurgia de prótese com auxílio da robótica. Da mesma maneira, pessoas ainda mais idosas podem ter benefícios com o auxílio da robótica, afinal, trata-se de um procedimento menos invasivo que torna mais rápida a recuperação do paciente.

4 – Como é a cirurgia?

Existe um planejamento pré-operatório, no qual o paciente faz radiografias ou outros exames de imagem para uma análise minuciosa antes da cirurgia. As imagens destes exames são digitalizadas para um maior detalhamento da anatomia e do planejamento dos cortes ósseos, do posicionamento e do tamanho da prótese, do alinhamento que o paciente tem e do alinhamento que o cirurgião deixará. Assim, conseguimos planejar a cirurgia com antecedência e em detalhes.

A cirurgia é realizada sob anestesia e o cirurgião faz o acesso cirúrgico na frente do joelho e retira todos os osteófitos ou saliências ósseas causadas pela artrose. Dentro do joelho, os resquícios de meniscos e ligamentos cruzados também são retirados, deixando a articulação  preparada para a confecção dos cortes ósseos guiados pelo robô. Então, são instalados sensores do robô em pequenas antenas nos ossos do fêmur e da tíbia. Essas antenas são retiradas ao final da cirurgia, mas elas servem para que o robô reconheça a articulação do joelho e todo o membro inferior do paciente. Depois disto, são feitas todas as captações e as marcações de pontos anatômicos do joelho e a avaliação do eixo mecânico de todo o membro inferior. Assim, o cirurgião alia os dados do planejamento pré-operatório com as informações intra-operatórias, e identifica a tensão de ligamentos colaterais que serão preservados na cirurgia.

Definindo o planejamento, são realizados os os cortes ósseos com o auxílio do robô, sendo que estes cortes tem precisão submilimétrica e com variações de apenas meio grau. Ou seja, tanta precisão é algo que o olho humano não tem capacidade de identificar, sendo este é um grande diferencial para a cirurgia convencional. Os implantes metálicos da prótese são então colocados e fixados com o auxílio de um cimento ósseo específico e, ao final, coloca-se um polietileno que é o componente plástico que fica entre os componentes metálicos femoral e tibial.

5 – Quem passa por uma cirurgia de prótese do joelho demora meses para voltar a andar?

Sobre o pós-operatório, temos observado que os pacientes submetidos à cirurgia robótica têm uma recuperação mais rápida com a vantagem de ser uma cirurgia menos agressiva e com maior precisão técnica no equilíbrio dos ligamentos do joelho, e tudo isso acelera a reabilitação. Assim, o paciente acaba tendo menos dores e fica apenas um dia no hospital. No dia seguinte da cirurgia, o paciente já inicia o processo de reabilitação e fisioterapia. Então, ainda há uma discussão no meio ortopédico sobre o tempo final da recuperação após a cirurgia robótica, mas o que vemos na prática é a grande satisfação dos pacientes em relação à recuperação mais precoce.

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