Amor e dinheiro podem andar juntos? Sugar baby responde a essa e outras perguntas
Cada dia mais em destaque, relacionamentos sugar ainda levantam muitas dúvidas
Quando o assunto é relacionamento amoroso, um dos tabus mais frequentes na sociedade é a respeito de dinheiro. Existe até um ditado que diz que “quando a miséria entra pela porta, o amor sai pela janela”, o que nos mostra que não é de hoje que o bem-estar financeiro está mais do que ligado à estabilidade no amor. Em um relacionamento sugar, por exemplo, o dinheiro está envolvido de maneira clara, transparente, como parte de um combinado saudável entre ambos. Mas, por ser algo diferente, fugir do combinado, ainda levanta muitas questões.
O Universo Sugar, site especializado neste nicho, recebe diariamente diversas dúvidas e, para saná-las, convidou Ma Hokusai, que é uma verdadeira referência para as sugar babies, para responder as principais delas. A advogada e empreendedora vive um relacionamento sugar e no seu perfil do Instagram (@meualibioficial), reúne mais de 40,5 mil seguidores interessados em suas dicas, lives, sorteios e, claro, no seu dia a dia e lifestyle.
US: Amor e dinheiro andam juntos? Como equilibrar essa relação?
Ma: Acho que sim, amor e dinheiro andam juntos porque onde não há dinheiro para sobreviver e realizar seus sonhos, dificilmente o amor irá durar.
US: Existe contrato em uma relação sugar? Ou seja, é algo formal, em que cada parte define o que cabe a cada um dos envolvidos?
Ma: Não existe um contrato. Não, aquele contrato padrão, bonitinho, digitado, escrito com todos os termos e cláusulas. Além de desnecessário não tem validade jurídica nenhuma. E estamos falando de um relacionamento. Quando falamos em contrato de trabalho, por exemplo, com cláusulas bem definidas do que cada um vai fazer, estamos falando de uma relação comercial, uma prestação de serviços com recompensa (pagamento), não está atrelada a um relacionamento entre pessoas que se gostam afetivamente, uma relação de trabalho não cabe dentro do relacionamento sugar.
US: Se não existe contrato, como são as garantias?
Ma: Na verdade, no mundo real, não existe garantia para absolutamente nada. Emprego, concurso público, relacionamentos… a garantia é uma ilusão. Então, porque você vai se iludir se, na verdade, a garantia não existe?
US: Na prática, o que uma sugar baby precisa fazer? Ela é obrigada a algo?
Ma: A baby precisa ser a parceira de seu sugar daddy, a sua companheira, seja na figura de uma namorada, ficante, amante… mas, é basicamente isso. E não, ela não é obrigada a nada nessa relação e nem em qualquer outra relação que tenha, é um relacionamento livre.
US: Como os presentes, mimos, mesadas são combinados?
Ma: Isso depende de cada parceiro. Se você está saindo com uma pessoa que prefere pagar mensalmente, então ela vai te pagar mensalmente. Mas como isso é combinado? Quando se está conversando e conhecendo o candidato a sugar daddy, ele vai perguntar quais são suas necessidades, o que você precisa, seus sonhos e objetivos, coisas do gênero. É por meio dessa conversa que se estabelece qual vai ser o mimo, a mesada, a forma do relacionamento.
US: O que uma baby deve observar para não cair em golpes, por exemplo?
Ma: Primeiro de tudo, ficar muito atenta aos sinais de grande ansiedade, como pressa em pedir o whatsapp logo de cara (querendo sair da plataforma). Mas, o principal é prestar atenção em propostas incríveis, justamente para que você fique deslumbrada e acabe se entregando muito fácil para que, assim, possam tirar proveito da situação.
US: Existe um padrão de presentes? Ou cada uma tem desejos e necessidades diferentes?
Ma: Não existe um padrão de presentes e eles começam a vir de formas diferentes para cada pessoa. Algumas podem começar com menos, outras com mais e algumas podem começar com o mundo inteiro, mas essas são exceções. Normalmente, são presentes mais simbólicos no início para depois se tornarem, de fato, presentes de presença. Quando falamos em necessidade, cada uma tem a sua, assim como suas próprias vontades e desejos, então não dá para generalizar absolutamente nada, pois estamos falando de pessoas e relacionamentos, cada um deles vai ter sua própria experiência e forma de existir.
US: Caso a sugar baby queira desistir do relacionamento, existe algum tipo de ônus para ela?
Ma: Caso a sugar baby não queira mais o daddy, vai terminar como faria com qualquer outro tipo de relacionamento. Para isso, vai conversar e explicar o porquê de não querer mais o relacionamento e é isso. É obrigada a devolver alguma coisa? Não, porque foram presentes, não foi um empréstimo. Quando falamos de presente, estamos falando de alguém dando, doando algo para outra pessoa, se ela está pedindo de volta, não foi um presente, foi um comodato.
US: É comum um sugar daddy patrocinar os estudos de uma baby, por exemplo?
Ma: Sim, é muito comum. Seja faculdade, cursinho, pós-graduação, mestrado, curso, qualquer coisa. Muitos daddies fizeram isso por mim e fazem até hoje. A primeira baby que meu daddy teve, por exemplo, pediu ajuda para fazer um intercâmbio fora do País.
US: A sugar baby pode ter mais de um sugar daddy (e vice-versa?)
Ma: Sim. O relacionamento sugar é, em essência, um relacionamento aberto, livre. Não existe a questão da exclusividade de estar com uma única pessoa, é possível ter mais parceiros. E sim, o daddy também pode ter mais babies, isso é bem comum, até o momento em que se acerte a exclusividade, que é como um pedido de namoro, então, a partir do momento que se firma um relacionamento sério com alguém, imagina-se que não vá sair com outras pessoas.
US: Uma sugar baby tem limite de idade?
Ma: Não existe limite de idade, mas, temos visto que a média de sugar babies é entre 23 e 32 anos. Isso não quer dizer, claro, que seja uma limitação, é possível ser uma baby mais velha ou mais nova. Eu conheço babys de 44, 46, 48 anos… então sim, é possível.
US: Existe uma seleção de sugar baby, tipo entrevista de emprego?
Ma: Isso não existe. O que acontece é marcar um encontro com a pessoa, para conhecer, conversar e saber como vai ser o relacionamento, se existe química ou não, se rola uma afinidade. Porque uma coisa é conversar pela internet, outra é o cara a cara, ver como a pessoa é, como reage às suas perguntas e respostas e, claro, ouvir dela o que ela quer e espera. Nada como o cara a cara para saber e sentir se a pessoa realmente vale a pena o esforço de fazer dar certo.
US: Você já sentiu constrangimento, vergonha ou medo em alguma situação com o parceiro?
Ma: Eu acho que sentir vergonha e embaraço é mais comum quando estamos no começo do relacionamento, conhecendo a pessoa e criando conexões com ela. Agora, uma situação de medo não, apenas o receio de não dar certo o relacionamento e eu ficar sem a minha ajuda financeira
US: O que você acha que sugar daddies buscam nos relacionamentos? Existe alguma necessidade de poder?
Ma: Acho que existe uma necessidade de autoafirmação, de dizer “eu ainda posso, sou jovem, consigo” ou “eu tenho capacidade financeira para estar com a mulher que eu escolher”. Acho que é mais ou menos por aí. E eu não falo isso de uma forma geral, mas boa parte dos daddies que estão procurando um relacionamento sugar surgem com essa ideia. Muitos estão buscando ter algo que não têm mais dentro do relacionamento ou algo que nunca tiveram durante a vida. Eles acabam não criando conexões, não tendo parceiras ao longo da vida e isso acaba deixando eles um pouco mais distantes de relacionamentos com maiores conexões. E como falamos de necessidade de pessoas que estão em uma realidade diferente da nossa, também estamos falando de uma pluralidade de homens que estão por diversos motivos e desejos dentro da plataforma. Então, o que eu acho que a maioria pode querer, é ter um relacionamento extraconjugal, já que sabemos que a maioria dos daddies são casados, mas buscam um relacionamento para se sentirem vivos de alguma forma ou para preencher um vazio existencial.
US: Pode ser uma relação com sentimento envolvido ou puramente de interesses?
Ma: Quando você se relaciona com alguém que está cuidando de você, que quer genuinamente seu bem, você começa a nutrir um tipo de sentimento por essa pessoa. Pode ser uma afeição, um carinho, não precisa necessariamente amar a pessoa, mas sim, existe afeto envolvido, existe algum tipo de carinho, respeito… Você acaba se envolvendo e se apegando a uma pessoa que está cuidando de você e quer o seu bem. Muitas muleres nunca tiveram um relacionamento saudável e quando são bem tratadas, não sabem nem o que fazer direito.
US: Normalmente existe consenso na hora do término? Você já precisou terminar alguma relação? Se sim, qual foi o motivo?
Ma: O relacionamento depende de duas pessoas e se uma delas não quer mais fazer parte do mesmo, não precisa existir um consenso de término. Se eu não quero mais, o outro não é obrigado a me manter, e se o outro não quiser mais, não sou obrigada a fazer ele ficar. Não necessariamente precisa haver um consenso. Já precisei terminar uma relação e foi doloroso, pesado, mas necessário. O motivo foi que eu estava com uma pessoa que queria ficar com outra pessoa e eu estava me sentindo muito presa dentro do relacionamento, senti que já não estava evoluindo mais, nem crescendo tanto quanto gostaria, estava me sentindo um pouco sufocada.