Outra Vez
por Nilda Dalcól
Sem mais nem menos, paro em frente a um estúdio fotográfico e tenho a sensação de que já estive aqui.
Olho para os lados como se procurasse alguém.
À minha volta, pessoas num vão e vêm, conversam animadamente. Por entre elas, enxergo um rosto conhecido. Sentado numa poltrona, pernas cruzadas, braços apoiados nos espaldares, segura um envelope branco.
Quase desmaio quando percebo aqueles lindos (e inesquecíveis) olhos azuis me olhando como se imantados estivéssemos.
Extáticos, não conseguimos sair do lugar. Lentamente ele vai se levantando, demora, talvez pela surpresa ou pelo seu 1,90m de altura, até ficar por inteiro em pé e vem na minha direção, sorrindo, vagarosamente se aproxima e eu mal consigo balbuciar o seu nome … Eduardo…
Fecho os olhos e sou envolvida num abraço apertado e silencioso. Ouço a respiração dele … o coração bate intensamente, só não sei se é o meu ou o dele, dado a proximidade, e assim ficamos até ele se afastar um pouco … mas não me solta, com o braço esquerdo me mantém junto ao seu corpo e com a mão direita, acaricia o meu rosto, como se quisesse certificar-se de que sou eu mesma.
Não lembro quanto tempo ficamos abraçados, mas lembro de ter dito que o esperei, ali mesmo, por muito tempo e ele não veio. Com o rosto apoiado na minha cabeça, ele repete com voz quase sumida, “saudade … saudade”.
Tento ver o seu rosto, mas ao levantar os olhos o que vejo é a nossa imagem desvanecendo-se em uma névoa densa e escura, e sem podermos fazer alguma coisa, desaparecemos na neblina.
E, outra vez, para minha tristeza, acordo e novamente sento na beirada da cama, olho meus pés balançarem-se e com o coração desolado, o único desejo que tenho, é o de voltar a dormir, encontrar o Eduardo e nunca mais acordar.
Mesmo sendo um sonho, me sinto feliz porque “desta vez, não fiquei sozinha”.
OUTRA VEZ, foi só um sonho Eduardo…