‘Antes e depois’ invertido: verão 2022 registra aumento de pessoas compartilhando o ganho de peso nas redes sociais
Pesquisa mostrou que 61% dos brasileiros passaram a gostar da sua aparência pós pandemia
No Brasil, uma em cada cinco pessoas estão com sobrepeso ou obesidade, segundo os dados do Ministério da Saúde. A projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que cerca de 2,3 bilhões de pessoas estejam acima do peso, sendo 700 milhões obesas até 2025. Outro estudo realizado no país pelo Grupo Merz mostrou que 61% dos brasileiros gostam da sua aparência.
Esses números aqueceram o termômetro, derreteram a gordofobia para dar espaço ao body positive, movimento que preza pela aceitação do corpo sem a necessidade de se enquadrar em um padrão. Gordo, magro, com celulite, sem celulite, com estrias, sem estrias, com alguma deficiência ou cicatriz. A moda do verão é amar o seu shape do jeitinho que ele é.
No mercado de trabalho, o peso também pesa no momento da contratação. 92% dos brasileiros afirmam sofrer gordofobia no convívio social e os dados do Grupo Catho revelam que 65% dos executivos preferem não contratar pessoas obesas. E os números não param por aí. O mercado de trabalho paga mais para empregados magros; cada ponto do IMC (Índice de Massa Corporal) equivale a perda de R$92 por mês.
No Brasil, não existe lei específica para punir quem pratica gordofobia. Entretanto, segundo a Constituição Federal, a gordofobia no mercado de trabalho pode ser interpretada como assédio moral, seguindo assim os trâmites já pré-estabelecidos. Em casos de humilhação, as ofensas podem ser interpretadas como injúria, crime contra a honra, previsto no Código Penal.
Fora da lei, o tema muda de página e vira livro. É nesse neste cenário que Vanessa Sap, autora do livro “TEMPORADA 1”, questiona com humor, qual o peso do peso e quanto ele pesa.
A ficção acontece no Centro de Emagrecimento Ingatori durante a inesquecível derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo de 2014. Amigos se sentam para assistir a partida no Centro de Emagrecimento Ingatori, e, conforme o relógio anda e os gols alemães saem, o médico é assassinado e aí começa o mistério, pois todos que estavam presentes têm motivos e “pesos “ para cometer o assassinato.
O mistério da identidade do assassino vai render várias Temporadas. Para quem gosta da série Lost, o livro é um achado. E quem sobreviveu depois do final da série americana vai poder viajar na ‘Temporada 1’ da Vanessa Sap, que deverá ser produzida pela Netflix.
E por falta de personagens, o livro não deixará de ir para as telonas. Ao todo são mais de 50 vidas diferentes entrelaçadas pelo mesmo tema, que apresentam nomes de artistas plásticos contemporâneos brasileiros, que de alguma maneira serviram de inspiração à autora.
O cenário musical se faz especialmente presente, afinal a arte expressa-se em inúmeras formas. Cada capítulo conta uma história, e a respectiva “música- título” fornece o clima daquele relato. A playlist, cujo código do Spotify está nas primeiras páginas, é diverso e cosmopolita, tal como os indivíduos representados: Rimsky-Korsakov, Metallica, Noel Rosa, Infected Mushroom, Mercedes Sosa, Edith Piaf, Sidney Magal, entre muitos outros.
A capa do livro também quebra paradigmas ao esboçar um espelho quebrado. “Essa imagem faz uma alusão às diversas situações cotidianas enfrentadas pelas pessoas. São registros e tentativas frustradas por alguns personagens, em recuperar a autoestima com emagrecimento, através de inúmeros métodos tradicionais ou alternativos da medicina.” Relata ao informar que a moldura do espelho da capa do TEMPORADA 1 é de cobre; as continuações serão prata e ouro. “Já os cacos de vidro são nossas eternas construções e desconstruções”, esclarece a autora.
No mundo virtual, a gordofobia também sobressai e neste verão observa-se o aumento das brincadeiras de fotos invertidas, e dentro dessa tendência, a escritora finaliza dizendo que o livro deriva de um ativismo por uma sociedade mais tolerante e sem pressão sobre o peso alheio. “Quem quiser que fique magro. Muito magro. Quero poder ser gorda. Muito gorda”, brincou a autora, ao declarar que o momento de ativismo atual vai contribuir para que futuras gerações tenham mais equilíbrio emocional.