Cirurgia de retirada da prótese de silicone cresce 33% no Brasil
Cirurgião plástico registra aumento de 80% pela técnica nos últimos seis meses
Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) mostram que o procedimento de retirada de próteses de silicone cresceu 33% no Brasil de 2018 para 2019, segundo últimos dados divulgados. Nos Estados Unidos, a busca pelo explante também registra crescimento de 15%. A retirada do silicone entrou na lista das 20 intervenções estéticas mais procuradas: há 10 anos, nem era mencionada.
O médico cirurgião plástico Bruno Legnani registrou em seu consultório um aumento de 80% na busca pelo explante nos últimos seis meses. “Em março, já percebemos um aumento de 80% na busca pela retirada das próteses e, ao longo do ano, esse número só cresce”, afirma.
O médico explica que a busca pelo procedimento se dá, muitas vezes, pela paciente ter uma visão estética diferente de si mesmo da época que fez a cirurgia. Algumas relacionam também sintomas como olhos secos, perda de memória, enxaqueca, fadiga extrema, falta de ar, dor muscular e desenvolvimento de doenças autoimunes com o uso das próteses.
Legnani lembra que os sintomas podem ou não estar relacionados com as próteses. “Têm pacientes que sentem grande melhora após o explante e outras continuam com os sintomas”, explica. Por isso, o médico alerta para a importância de manter os exames em dia e investigar possíveis causas para esses sintomas.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica explica que existem dois problemas relacionados aos implantes: um é a síndrome de ASIA, que consiste no desenvolvimento de doenças autoimunes como resultado de exposição a adjuvantes – que podem ser vacinas, implantes de silicone ou outros fatores. “Ela pode incidir em pessoas com predisposição genética a doenças autoimunes e o silicone ser o fator de desenvolvimento da doença”, explica. Outra é a Breast Implant Illnes (BII), conhecida pela doença do silicone: um conjunto de sintomas sistêmicos autorreportados por pacientes, como sintomas inflamatórios, articulações, pele, fadiga, alterações visuais, depressão, entre outros. A SBPC afirma que não existem exames para diagnosticar a BII e dados científicos não permitem concluir relação direta do BII com implantes de silicone.
Os implantes de mama não são eternos e a indicação é um acompanhamento médico periódico. “Em média, as pacientes ficam por 10 anos com a prótese antes da necessidade de troca ou explante, mas há casos de próteses com mais de 20 anos no organismo”, explica. As indicações para troca ou explante podem ser a contratura capsular, seroma tardio, mastite, processo autoimune (ASIA) ou ainda desenvolvimento de Linfoma da cápsula dos implantes (ALCL).
Legnani lembra que para a realização do explante é preciso procurar um profissional que faça a retirada da prótese “em bloco”, ou seja, além da prótese, retire toda a capsula formada naturalmente em volta delas. “Esse procedimento é extremamente importante para eliminar os vestígios do silicone no corpo, principalmente para as pacientes que desconfiam da ASIA ou BII”, alerta.
A cirurgia do explante, muitas vezes, pode ser acompanhada da mastopexia – lifting ou elevação das mamas. “Com o passar do tempo, acontece a queda natural das mamas e, no explante, ainda existe a falta do silicone que preenche o seio, por isso grande parte dos procedimentos são acompanhados da mastopexia. “É possível também fazer o preenchimento do seio com a lipoenxertia – cirurgia plástica que usa a gordura do próprio paciente para remodelar uma região do corpo ou preencher áreas que sofreram perda de volume”, explica.
O médico lembra que manter os exames em dia e consultar o cirurgião plástico anualmente é essencial para acompanhar a qualidade das próteses.
“Toda cirurgia deve ser realizada dentro de um hospital, por um cirurgião plástico registrado na Associação Brasileira de Cirurgia Plástica (ABCP)”, finaliza.