O papel da mulher no Agro
Dentro do Setor de Agronegócios, Mara Lauxen usa sua vivência para ministrar palestras e workshops voltados ao empoderamento e ao protagonismo das mulheres no setor. Estrategista em Personal Branding, Mentora Especialista em Carreira Feminina, Master Trainer e Master Mentoring com Tripla Especialização, Mara atuou por mais de 20 anos como empresária dos setores de Moda, Eventos e Agronegócio, adquirindo expertise em Atendimento ao Cliente, Gestão Administrativa, Gestão de Equipes, Liderança, Planejamento e Vendas. E durante estas palestras para as mulheres do Agro, a pergunta que Mara mais escuta é se a presença feminina realmente é aceita para tocar os negócios nas fazendas.
Sabemos que, hoje, o agronegócio brasileiro já é responsável por grande parte da economia do País, representando mais de 20% do PIB e mais da metade das exportações nacionais. Além disso, o Brasil é o maior produtor de café, açúcar, carne bovina e soja, transformando a região em um campo repleto de oportunidades de investimentos, desenvolvimento e geração de empregos.
Levando em conta a importância do agro, Mara ressalta a necessidade de voltar os olhos a um novo movimento dentro do agronegócio: o da valorização sobre a importância do papel da mulher no segmento. “Nas últimas décadas, o número de mulheres na administração rural triplicou e hoje elas estão na administração, na gestão de pessoas e na comercialização de produtos. Hoje, sou empresária do agronegócio e a experiência de ter nascido em uma família onde o agro sempre foi importante e o fato de ter vivido no campo me deram base para desenvolver palestras e treinamentos do setor”, conta Mara.
Um dos assuntos que Mara aborda nestes encontros é, justamente, o papel da mulher na área. “Há alguns anos, a mulher do campo era vista apenas como cuidadora do lar, ocupando um papel sem reconhecimento na sociedade. As coisas hoje mudaram e ela deixou de ser apenas uma espectadora. O papel da mulher se tornou essencial para um negócio bem-sucedido com companheirismo, gerenciamento e liderança. A mulher do campo se tornou essencial para a empresa familiar chegar ao sucesso”.
E já que o assunto é família, outro assunto que vem se tornando cada vez mais presente no dia a dia destas mulheres é a questão da sucessão. Segundo Mara, atualmente, cerca de 90% dos negócios brasileiros são familiares e, diante disso, fica evidente a necessidade de um planejamento de sucessão familiar para garantir a sobrevivência destas empresas. Grande parte deste problema no campo se deve à geração de produtores com boa condição financeira que oferecem aos filhos e filhas, que seriam seus sucessores, a opção de cursar boas faculdades, abrindo possibilidade para que eles tenham carreiras profissionais não-relacionadas ao agro.
“O poder de escolha faz com que os jovens optem, na maioria das vezes, por carreiras profissionais que não possuem relação alguma com o trabalho de seus pais e com o agronegócio. Um dos maiores motivos que impulsionam esta escolha é a possibilidade de sair do campo e ir morar em cidades grandes e até em outros estados ou países. E mesmo nos casos onde há interesse por parte dos filhos, costuma existir também uma grande resistência por parte dos mais velhos de passar o comando da gestão e a operação da fazenda aos mais novos, principalmente se este herdeiro for mulher”, completa.
Com uma geração de jovens bastante destemida e engajada em tecnologia, para quem o foco sempre é aumentar a produtividade do negócio por meio de mudanças às vezes mais agressivas, o impasse é sempre a possibilidade de trazer novas ideias que agregam a atuação inicial, quebrando, às vezes, tradições de muitos anos.
“A chave do sucesso da sucessão familiar é a transmissão gradual de conhecimentos e, paralelamente, do controle da empresa. Tudo precisa ser minimamente planejado e faseado de forma assistida e com uma boa convivência entre as partes, o que diminui a possibilidade de conflitos entre pais e filhos. E o processo deve ser feito com o mesmo cuidado com as filhas mulheres, sem distinção”, explica Mara.
À medida em que estas ações vão sendo desenvolvidas, é possível observar quem entre os herdeiros, no caso de haver mais de um, possui mais facilidade para a gestão da empresa, fazendo os devidos ajustes no meio do caminho.
“Também não podemos nos esquecer de que sempre existe a possibilidade de venda do negócio quando não se consegue estabelecer a sucessão por falta de herdeiros ou por falta de entendimento com os mais jovens”, finaliza.