Se não tratada, perda auditiva em crianças gera atraso no desenvolvimento

Cerca de 34 milhões de crianças em todo o mundo possuem deficiência auditiva em algum grau; diagnóstico precoce é essencial para o tratamento adequado

Ao contrário do que muitas vezes se imagina, a perda auditiva não escolhe idade. Além dos idosos e adultos de meia idade, crianças também podem apresentar o problema. Nesses casos, se não houver o tratamento correto, o desenvolvimento da fala, a interação e até mesmo o desempenho escolar podem ser afetados.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 34 milhões de crianças em todo o mundo possuem deficiência auditiva em algum grau. No Brasil, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31 mil crianças de dois a nove anos de idade manifestam alguma dificuldade para ouvir.

“A perda auditiva pode ocorrer no nascimento ou logo em seguida”, afirma Márcia Bonetti, fonoaudióloga e responsável técnica da Audiba Aparelhos Auditivos. “Ela pode ser causada por fatores genéticos ou hereditários, quando há casos semelhantes na família, e por infecções no ouvido, como otites, ou algum tipo de doença gestacional, como rubéola, sarampo ou meningite”.

Em muitos casos, o quadro é irreversível. Caracterizada como uma perda auditiva neurossensorial (ou surdez sensorioneural), a alteração é localizada no ouvido interno, quando os sinais são impedidos de serem enviados ao cérebro devido a uma falha nos condutores nervosos. De modo geral, segundo Márcia, a condição reduz a eficiência da transmissão dos sons, resultando em uma deficiência para escutar.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce da perda auditiva facilita o tratamento e corrobora para a estabilização da perda. O teste da orelhinha, por exemplo, deve ser feito ainda na maternidade, a fim de identificar pequenas alterações auditivas ou surdez em bebês para, caso necessário, encaminhar a criança para o tratamento mais adequado.

“O teste é indolor, com realização obrigatória logo após o nascimento, sendo ofertado também pelo Sistema Único de Saúde [SUS]. Com o diagnóstico, o tratamento é facilitado, seja ele feito por meio do implante coclear [popularmente chamado de ‘ouvido biônico’] ou pelo uso de aparelhos auditivos”, afirma a fonoaudióloga.

Márcia salienta que para casos em que há o acúmulo de secreção, como na otite, a perda é, geralmente, de fácil reversão. Para tanto, recomenda-se a drenagem do fluido por meio de tubos de ventilação inseridos através da membrana timpânica.

Atenção aos sinais de alerta

Nem sempre é fácil identificar dificuldades ou problemas de saúde em crianças. Apesar disso, é importante que os pais estejam atentos a alguns sinais para garantir o diagnóstico e o tratamento precoce.

No caso da perda auditiva, ouvir a televisão com o volume muito alto, não responder prontamente quando chamado, apresentar dificuldades de aprendizado e para encontrar a origem dos sons e atraso na fala são alguns indícios de que algo pode estar errado com o pequeno.

“A gente precisa ouvir os sons para entender e poder expressar, então, se não escutamos, não vamos aprender a falar. Além disso, a deficiência auditiva pode ocasionar também em uma dificuldade de convívio, acarretando um isolamento social. Por isso, é importante estar atento caso a criança apresente algum desses sinais”, ressalta a fonoaudióloga.

Assim, a recomendação é procurar imediatamente um especialista caso algum dos sintomas seja identificado.

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