Tudo o que você precisa saber sobre a série MAID

Tudo o que você precisa saber sobre a série MAID

A série Maid está fazendo sucesso na Netflix ao abordar um tema tão sensível, que é o abuso psicológico, aquela violência que não deixa marcas físicas visíveis, mas é capaz de causar traumas profundos em quem a vive.

Eu estava “rolando a barra” das redes sociais na semana passada quando me deparei com relatos de amigos dizendo: Wow! Que soco no estômago! Ou então: Nossa, me vi ali, essa é pra mim. E por isso, resolvi assistir… e foi doloroso!

A minissérie Maid, de dez episódios, é baseada em uma história real, publicada em 2019 no livro autobiográfico ‘Superação: Trabalho Duro, Salário Baixo e o Dever de uma Mãe Solo’, de Stephanie Land e  é sobre as coisas que a gente não fala pra ninguém, mas deseja que se curem, muitas vezes em um passe de mágica. Que bom se pudesse ser assim…

A protagonista, Alex, interpretada brilhantemente pela atriz Margaret Qualley ganha a simpatia do público logo de cara. Não há quem, em algum momento da vida, tenha vivenciado ou se identificado com alguma situação semelhante à dela.

Além de viver uma relação em que a mãe, Paula (vivida por Andie MacDowell, que é mãe de Margaret também na vida real), é uma mulher que carrega marcas da violência doméstica e por isso gerou alguns traumas que também foram herdados pela filha, como em uma espécie de carma, Alex se vê responsável pela mãe, como se a própria vida não fosse suficiente e repleta de situações que, ao longo do seriado a gente torce, e torce mesmo para que ela vença!

Parece que a gente tem tendência a atrair esse tipo de coisa (alô, alô, mãe!) para as nossas vidas, num eterno ciclo repetitivo.

A mãe sofria violência doméstica , por isso, quando Alex era ainda criança, mãe e filha saíram de casa para fugir da situação: um pai e marido alcoólatra e violento. E onde Alex foi “se enfiar”? Em uma relação repleta de abusos, com um namorado alcoólatra e violento…

Para sair desse ciclo, Alex pega a filha e vai em rumo às suas conquistas, mas cada obstáculo enfrentado por ela, vai fazendo com que a gente se pergunte: Até quando ela vai se f%¨&*?

Porque não é possível…

A série fala sobre empatia, sobre se colocar no lugar do outro e sobre as coisas as quais a gente se submete nessa jornada da vida. Não só por nós, nem sempre pelo outro, mas também por quem depende das nossas escolhas, como é o caso de Maddy, a filha de Alex.

Pode parecer fácil pra quem está de fora dizer: Ah, mas é só pegar as coisas e ir embora.

Mas como? De que jeito? Pra onde?

Alex está sozinha. A mãe segue repetindo o ciclo vicioso de abusos sofridos, de relacionamento em relacionamento. Não dá pra contar com ela. Muda-se o par, mas nada além disso muda para Paula.

O pai de Alex segue sendo quem sempre foi, e quando teve a oportunidade de se colocar ao lado da filha (que é isso que os filhos esperam que os pais façam, ainda mais em situações assim), ele simplesmente vira as costas.

O ex-namorado de Alex não a agride fisicamente (Alex tem dificuldade de identificar que estava em um relacionamento abusivo por não ter sido vítima de agressões físicas), mas o trauma psicológico e a agressão que ele pratica diariamente, e que não podem ser comprovados por marcas visíveis, poderiam deixar a personagem cada vez mais dura, mas é nessa casca que Alex vai criando é que a gente percebe a sensibilidade e a força dela, porque, sinceramente, só pra estar numa situação dessas é que a gente aprende, e vive…

Eu diria: eu teria desistido de viver… E talvez tivesse mesmo…

Mas ela arregaça as mangas, enfrenta os obstáculos e ao final (pelo menos da série), ela consegue realizar um de seus sonhos: ingressar em uma faculdade para ser uma escritora, deixando para trás um passado sofrido e vivido por uma pessoa tão jovem…

E quando a série termina, você se pergunta: E como estará Alex agora?

E torce para que ela esteja feliz, e torce pra que ninguém tenha que passar pelo que ela passou, e torce também para não ser mais uma vítima… E, principalmente, torce para identificar, de imediato, quando e se estiver vivenciando uma situação semelhante.

Desde 28 de julho deste ano, a lei 14.188/2021 formalizou o tipo penal para a violência psicológica contra a mulher, com pena de 6 meses a 2 anos e pagamento de multa. Em casos mais graves, a condenação pode ser maior.

Diz a Lei:

“Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação”, trecho da lei 14.188/2021.

Se você estiver sendo vítima de violência, física ou psicológica, DENUNCIE!

Toda mulher que sentir dano emocional pode registrar a ocorrência. “Por menor que seja um ato, se entendido que ele gera um sofrimento mental, estresse, tristeza, isso já é suficiente”, afirma a advogada Fernanda Prates, professora da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Direito Rio de Janeiro.

“Essa agressão é lenta, silenciosa, uma construção de condutas que minam a capacidade da vítima de sair da situação”, completa.

O primeiro passo é reconhecer a violência, tarefa muitas vezes complexa em meio à manipulação.

A psicóloga Ângela Figueiredo atenta que ter uma rede de apoio é fundamental para que as pessoas com o olhar de fora da situação alertem e orientem quando há excessos. Buscar suporte profissional com psicólogos também ajuda a identificar os abusos. É importante ainda a conscientização para reconhecer pessoas com perfil abusivo. “Todos nós podemos ser violentos ou violentados, o que difere é que quem não é abusador, quando se dá conta do comportamento, sente culpa, pede desculpa e tenta mudar. Já quem é, fica nesse modo de agir e, por muitas vezes, tendo prazer com o controle”, alerta.

Como provar o abuso?

É possível comprovar a violência psicológica com qualquer evidência das ameaças e manipulações, como prints de mensagens, por exemplo. Gravar conversas, ter testemunhas e laudos de profissionais para atestar as consequências dos abusos também influenciam no processo. “Muitas vezes acontece da vítima apagar as mensagens para já bloquear a pessoa, mas primeiro é preciso fazer o print de tudo e não desperdiçar essa prova, muito importante para o processo e, depois, para a condenação”, reforça a advogada Alice Bianchini, conselheira da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil São Paulo).

Como denunciar a violência doméstica psicológica?

Da mesma maneira que outros tipos de violência contra a mulher: em flagrantes de violência doméstica, ou seja, quando alguém está presenciando esse tipo de agressão, a Polícia Militar deve ser acionada pelo telefone 190. O Ligue 180 é o canal criado para mulheres que estão passando por situações de violência.

A Central de Atendimento à Mulher funciona em todo o país e também no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O Ligue 180 recebe denúncias, dá orientação de especialistas e encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. Também é possível acionar esse serviço pelo WhatsApp. Neste caso, o telefone é 61 99656-5008.

Os crimes de violência doméstica podem ser registrados em qualquer delegacia, caso não haja uma Delegacia da Mulher próxima à vítima.

Em casos de risco à vida da mulher ou de seus familiares, uma medida protetiva pode ser solicitada pelo delegado de polícia, no momento do registro de ocorrência, ou diretamente à Justiça pela vítima ou sua advogada.

A vítima também pode buscar apoio nos núcleos de Atendimento à Mulher nas Defensorias Públicas, Centros de Referência em Assistência Social, Centros de Referência de Assistência em Saúde ou nas Casas da Mulher Brasileira. A unidade mais próxima da vítima pode ser localizada no site do governo de cada estado.

Com informações de www.uol.com.br/universa

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