Relação X isolamento: casais podem conviver bem na mesma casa por tempo integral?

Segundo especialista, a terapia de casal ajuda a lidar com as crises após quase dois anos de afastamento social

Em quase dois anos de pandemia, muitos casais passaram por uma crise no relacionamento que beirou à separação ou resultou nela. O número de divórcios registrados em cartórios, no Brasil, subiu 26,9%, apenas de janeiro a maio deste ano. Foram 29.985 separações nos cinco primeiros meses de 2021 contra 23.621 de janeiro a maio do ano passado, segundo os dados do Colégio Notarial do Brasil.

Para a psicóloga Katia da Silva Muchão, especialista em casais e família da Medical Seer/São Paulo, o fato está diretamente ligado à pandemia do coronavírus, já que, por conta do isolamento social, se tornou impossível fugir dos problemas conjugais.

“Muitos casais acabaram decidindo morar juntos por conta da logística, sem levar em conta se estavam preparados. Outros acabaram se separando porque não se comunicaram o bastante no período, em que as emoções estão naturalmente mais afloradas”, explica.

Para resolver esses problemas a terapia de casais é recomendada.

“O ideal é que se busque o auxílio profissional sempre que houver uma insatisfação difícil de se resolver na relação a dois”, orienta a especialista.

Além da restrição de ir e vir, outras questões ligadas ao relacionamento costumam trazer dificuldades e estas podem ser agravadas pelo momento de crise, somado ao excesso de convivência.

 

Segundo a terapeuta, brigas em excesso, agressões físicas, emocionais e psicológicas; falta de comprometimento de um dos cônjuges com as tarefas cotidianas e/ou com os acordos estipulados entre o casal, além de transições durante a vida, como a chegada de filhos novos, filhos adolescentes e a saída dos próprios filhos de casa, costumam levar os companheiros e companheiras ao divã.

 

Sem falar das falhas de comunicação, adoecimentos, perdas na família, aborto, questões sexuais e dificuldades financeiras que atrapalham a vida conjugal.

 

“Mas, se antes, a rotina era quebrada por um almoço fora com a equipe do trabalho, um happy hour, idas a academia e passeios aos fins de semana, agora há mais oportunidades de observação entre os membros da relação e a terapia pode ajudar o casal a perceber isso”, afirma Katia.

 

Além disso, com a vacinação avançando é importante que ambos busquem quebrar a rotina, seja com um piquenique ao ar livre, um encontro com um amigo para conversar e ter um ponto de vista diferente daquele que se escuta todos os dias, uma ida ao cabeleireiro, caminhar em espaços abertos.

 

“Seguindo todos os protocolos de segurança, é possível ter distrações que colaboram para aliviar o estresse e, consequentemente, favorecem a convivência”, finaliza.

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