O que o seu namorado tem a ver com seu HPV
*Por Rodrigo Ferrarese
Muitas pacientes, ao se descobrirem com HPV, logo pensam no namorado: será que foi ele quem me passou? E, se não foi, que reação terá ao saber que eu tenho? Pois tenho uma palavra para vocês: calma!
Ouvi essa frase de uma paciente assim que descobriu que tem HPV (sigla para o papiloma vírus humano). Essa descoberta choca todas as pacientes. Isso porque a infecção pelo HPV, apesar de muito comum, infelizmente é pouco discutida na sociedade. E o primeiro pensamento que vem à cabeça da paciente, especialmente ao saber que se trata de uma doença sexualmente transmissível, é traição. Não cabe a mim livrar a barra de ninguém, mas é importante que você saiba mais uma coisinha antes de tomar qualquer decisão mais definitiva.
Como descobrir se você tem HPV?
De tempos em tempos, seu médico provavelmente te pede para fazer um exame colpocitológico (mais conhecido como papanicolau ou papa). Você sabe por que esse exame é tão importante? No papa, coleta-se com uma espátula/escovinha um pouco de conteúdo do colo uterino. É através dessa amostra que se avalia as características das células do colo do útero, procurando alterações que possam, lá na frente, se transformar em câncer do colo do útero. Descobrindo essas lesões no estágio inicial, há tempo para tratá-las antes que se tornem algo mais sério.
A relação do HPV com o câncer de colo do útero
O HPV não é o único fator, mas é fundamental para que essas lesões apareçam. E se pedimos o papanicolau para todas as pacientes é porque o contato com o HPV é muito mais comum do que se imagina. A verdade é que maioria das pessoas sexualmente ativas é portadora ou já teve contato com o HPV responsável por verrugas anogenitais – e lesões precursoras de câncer de colo do útero.
E, embora muita gente tenha contato com o vírus, só uma pequena parte dos portadores desenvolverão verrugas genitais ou lesões no colo do útero, que podem ser identificadas em exames como o papanicolau. O restante das pessoas convive com o vírus sem apresentar qualquer manifestação clínica, por tempo indeterminado – e está tudo certo.
Então a culpa não é do meu namorado porque…
Porque é impossível saber se o contágio foi recente ou antigo. Você pode ter o vírus guardado no seu organismo (em fase latente) e desenvolver lesões anos depois, quando estiver com o seu atual namorado. Ainda, pode até ser que ele tenha de fato te transmitido o HPV, mas, pelo mesmo motivo, pode ter sido contaminado anos antes de vocês terem se conhecido.
A importância dos exames preventivos no tratamento do HPV
Agora que você sabe a importância dos exames preventivos, não esqueça de fazer os seus. Embora o papa não precise ser pedido para todas as mulheres anualmente, cobre o seu médico se já está sem fazê-lo há algum tempo. Ele pode te livrar de um câncer!
E, caso apareçam verrugas no seu corpo ou se o resultado de um exame mostrou positivo para o HPV, não se assuste. Procure um médico para esclarecimentos. São diversos os tipos de tratamentos para as lesões e tê-las não significa que tem ou que terá câncer de colo de útero.
Sobre Dr. Rodrigo Ferrarese
O especialista é formado pela Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. Fez residência médica em São Paulo, em ginecologia e obstetrícia no Hospital do Servidor Público Estadual. Atua em cirurgias ginecológicas, cirurgias vaginais, uroginecologia, videocirurgias; (cistos, endometriose), histeroscopias; ( pólipos, miomas), doenças do trato genital inferior (HPV), estética genital (laser, radiofrequência, peeling, ninfoplastia), uroginecologia (bexiga caída, prolapso genital, incontinência urinaria) e hormonal (implantes hormonais, chip de beleza, menstruação, pílulas, Diu…). Mais informações podem ser obtidas pelo perfil @dr.rodrigoferrarese ou pelo site https://drrodrigoferrarese.com.br/