Ansiedade: distúrbio tão pandêmico quanto o coronavírus
Segundo OMS, uma em cada 13 pessoas sofre com esta enfermidade. Medicamento à base de cannabis tem apresentado bons resultados e atraído atenção de médicos e pacientes
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) uma em cada 13 pessoas no mundo todo vive com ansiedade, sendo este o distúrbio de saúde mental mais comum que existe. Trata-se de uma situação tão pandêmica quanto o coronavírus devido a quantidade de pacientes com esta enfermidade. Para quem sofre desse mal, encontrar um método seguro e eficiente para tratar os sintomas é uma prioridade. O uso de psicofármacos no tratamento de transtornos mentais se popularizou na medicina por volta dos anos 1950. No entanto, os medicamentos existentes nem sempre funcionam como deveriam e ainda trazem efeitos colaterais tão ruins quanto os causados pelo próprio distúrbio.
Os ansiolíticos não atuam na causa e sim nos sintomas da ansiedade. E os efeitos colaterais mais comuns associados a esse tipo de medicamento são perda de memória, fadiga, sedação, sonolência, falta de coordenação motora, diminuição da concentração, da atenção e dos reflexos. Existe também a possibilidade de dependência, crises de abstinência e efeito rebote, que é o retorno dos sintomas mesmo após o tratamento.
Para piorar, a pandemia de Covid-19 contribuiu para que esse distúrbio aumentasse na população. É o que revela estudo sobre comportamentos realizado no Brasil, em 2020, pelo Instituto de Comunicação e Informação Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas.
O levantamento chegou à conclusão de que, durante o primeiro ano da pandemia da Covid-19 no Brasil, o sentimento frequente de tristeza e depressão atingiu 40% dos adultos, e a sensação de ansiedade e nervosismo foi reportada por mais de 50% deles. Adolescentes não passaram incólumes. Cinquenta por cento relataram problemas no estado de ânimo. A pesquisa coletou informações de 44.062 adultos e 9.470 adolescentes de 12 a 17 anos.
Neste cenário, os remédios produzidos à base de cannabis têm se mostrado uma alternativa viável e mais eficiente. Há relatos positivos de pacientes que fazem tratamento com canabidiol, conhecido pela sigla CBD. É o caso da executiva carioca Bruna Infurna, 43 anos, que viveu períodos de muita ansiedade e de insônia este ano. Com vida corrida e muitas viagens internacionais, Bruna já sofria com esses problemas. Mas eles se agravaram durante a pandemia. O home office e as muitas horas em frente ao computador fizeram a ansiedade e as noites de insônia aumentarem.
“Passei também a sentir dores no pescoço em função da má postura e aquela sensação horrorosa de fadiga tecnológica, que traz ardência nos olhos, exaustão e dificuldades de se desconectar. Procurei ajuda de especialistas porque sou completamente contra os remédios para dormir, indutores de sono e ansiolíticos”, conta Bruna. Foi quando ela começou a se tratar com o dr. Thiago Braga, clínico geral, que atua pela plataforma Medicina In, clínica virtual que reúne médicos de diversas áreas (neurologia, pediatria, psiquiatria, entre outras) especializados em tratamentos à base de cannabis medicinal.
Antes, a executiva tentou tratamento com melatonina, mas além de não resolver, acordava com sensação de ressaca e indisposição para praticar exercícios físicos. “Faço tratamento com canabidiol desde maio deste ano. Minha vida mudou bastante. A ansiedade diminuiu e a qualidade do sono melhorou demais e isso fez toda a diferença na disposição. Atualmente consigo ter uma rotina de atividade física para fortalecimento muscular”, diz.
O médico que receitou e acompanha o tratamento de Bruna explica que o canabidiol é eficiente porque é capaz de se conectar com receptores específicos do cérebro, que atuam diretamente no humor e na disposição das pessoas. “Essa conexão possibilita ao CBD diminuir as reações do sistema nervoso. É uma substância usada terapeuticamente para tratar doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas porque tem ação antipsicótica e neuroprotetora”, afirma Braga.
No entanto, o CBD é um medicamento sem dosagem padrão. E por esta razão precisa de acompanhamento constante para que a dose seja acertada aos poucos. O organismo reage de forma diferente conforme o paciente. Há quem precise de quantidade maior ou menor. E como os médicos da Medicina In atuam a distância, por meio de teleconsulta, a plataforma oferece ferramentas de apoio para que o profissional tome decisões corretas como se estivesse em uma consulta presencial.
“São ferramentas para os médicos, como calibragem de dosagem, prescrição digital, material de apoio clínico e encontros científicos. Além de canais que possibilitam o acompanhamento constante do tratamento, como uma ferramenta que facilita a comunicação com o paciente”, afirma Darwin Ribeiro, diretor e cofundador da Medicina In.