Tolerância: seis dicas para conviver com atitudes e opiniões diferentes

As diferenças e as discordâncias entre as pessoas são boas oportunidades de aprendizado e crescimento. Mas por que há tanta resistência em conviver com pensamentos opostos? Campanha do Grupo Educacional Bom Jesus busca a promoção da paz no mundo

Ao analisar as atitudes intolerantes, apáticas e as demonstrações de ódio que ocorrem com frequência na sociedade (especialmente nas redes sociais), é possível fazer algumas reflexões: por que as pessoas não admitem o que se diferencia da sua concepção do que é correto? O que leva os indivíduos a se mostrarem tão intolerantes com raças, tribos e escolhas diferentes das suas?

É fato que a diversidade de ideias é tão natural na sociedade quanto a necessidade de se expressar. Sendo assim, não é possível ignorar nem um nem outro. Ou seja: a diversidade existe e pode ser debatida, mas não deve se tornar motivo de intolerância e ódio.

A psicóloga e professora da FAE Centro Universitário, Giovanna Medina, e o professor e coordenador de Filosofia do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus, Leandro Amorim, prepararam seis dicas para conviver melhor com a diversidade e transformar o mundo em um local mais harmonioso.

 

1 – OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO

Sendo a diversidade intrínseca ao mundo, na avaliação da psicóloga e professora da FAE Centro Universitário, Giovanna Medina, é possível encará-la como oportunidade de criar novas maneiras de enxergar o mundo e, assim, aprender cada vez mais. Dessa forma, a diversidade é necessária. “O aprendizado se dá na diversidade, no novo, na criatividade. Nunca teremos uma situação confortável sem promover desenvolvimento. As crises, os desafios estão aí para promover esse crescimento”, ressalta.

 

2 – OPORTUNIDADE DE SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO

Há ainda o fato de que parte da sociedade tende a comportar-se de forma cada vez mais egoísta e individualista, devido às dores do mundo – o que tem se agravado na pandemia. E isso, segundo Giovanna, também precisa ser modificado. “Eu preciso me colocar mais no lugar do outro e, com isso, me desenvolver. Entender que não sou dono da verdade, adotar uma visão mais colaborativa do que de julgadora. Quando eu faço isso, me conecto ao todo e tendo a ter mais empatia com o mundo ao meu redor”, explica a psicóloga.

 

3 – OPORTUNIDADE DE ENTENDER QUE CULTUAR O ÓDIO É UMA ATITUDE LIMITADA

Quando se entende que o ser humano é complexo, que as situações que o envolvem são complexas, é natural que ocorra o processo de questionamento e reflexão: por que a pessoa fez isso ou aquilo? Assim, fazendo essas perguntas já é possível criar o processo empático, de se colocar no lugar do outro. E não cultuar o ódio. “A cultura bélica é simplista, é limitada. Os fenômenos não são lineares. E precisamos entender isso”, analisa Giovanna.

 

4 – OPORTUNIDADE DE DEIXAR A IGNORÂNCIA DE LADO

Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII, publicou um artigo que ajuda a elucidar um pouco essas questões: ‘A resposta à pergunta: O que é esclarecimento’. No texto, ele sinaliza para a relevância da racionalidade e da autonomia, cunhando o conceito de minoridade intelectual como a possibilidade de evolução do ser humano (e a consciência que ele tem disso). Mesmo assim ele escolhe se manter na obscuridade da ignorância, pois é mais cômodo, tranquilo e não causa problema (como se a falta de comprometimento com o entorno fosse algo simples e tranquilo). “Por outro lado, ele também cunha o conceito de maioridade intelectual, ou seja, o indivíduo tem consciência de suas potencialidades e se compromete consigo mesmo a sair da escuridão da ignorância, tornando-se protagonista da sua própria história e se empoderando de si mesmo”, ensina o professor Leandro Amorim.

 

5 – OPORTUNIDADE DE APRENDER A TER MAIS EMPATIA E HUMILDADE

Para conquistar esse crescimento, no entanto, é preciso ter empatia e ser humilde. Como analisa o professor Leandro, a diversidade vai além do aprendizado: coloca o ser humano à prova, fazendo-o entender algumas de suas características fundamentais: a igualdade entre todos – seres esses que, sendo iguais, conseguem (e devem) viver dentro de uma cultura de amor, e não de ódio. Em sua análise, não há justificativas, sejam elas culturais ou históricas, para a perpetuação de atos que constrangem ou denigrem as pessoas. “Podemos até entender as circunstâncias, mas não aceitar. Se for assim, a adesão ao ataque está sistematicamente vinculada à ignorância, à falta de esclarecimento e também à escolha”, diz.

Quando o ser humano entende a sua condição de igual perante o outro, naturalmente se coloca em um posicionamento mais apático no mundo, mais humilde. “É preciso haver continuidade daquilo que realmente somos: seres humanos. Continuidade de nós mesmos, sem acepções. É preciso lutar para que fatos e acontecimentos não nos destituam de nossa humanidade, pois é isso que configurará essa relação empática e de amor”, afirma.

 

6 – OPORTUNIDADE DE EXERCER A LIBERDADE PARA FAZER ESCOLHAS

O livre-arbítrio, isto é, a capacidade e a possibilidade de fazer escolhas leva as pessoas à condição de liberdade (como o próprio nome diz), e não de vitimização. Assim, “eu posso escolher fazer algo diferente, eu posso escolher responder de alguma outra forma, que não seja apenas a forma bélica, de luta”, ressalta a psicóloga Giovanna. E, claro, tudo vai depender da “bagagem” de cada um: a pessoa age de acordo com o seu conhecimento acumulado com suas experiências.

 

AMOROGRAFIA: ATITUDES PARA A CRIAÇÃO DE UMA CULTURA DE PAZ

Ao completar 125 anos de existência em 2021, o Grupo Educacional Bom Jesus decidiu celebrar o aniversário marcante com o tema Amorografia, abrangendo atitudes ou ações que representam, transcrevem o amor. É ainda o estudo teórico e prático sobre amar ao próximo com altruísmo e propósito de fazer o bem. Em poucas palavras, traz a ideia do amor para a transformação. Para estimular essas atitudes e divulgar a ação, o Grupo Educacional Bom Jesus colocou no ar a página Amorografia no Instagram – @amorografia.oficial.

Na opinião do filósofo Leandro, a campanha vem em um momento em que a sociedade precisa cada vez mais pensar no amor como solução para as crises. “A campanha é genuína quando nos deparamos com um mundo completamente refém e de joelhos diante da maior pandemia da contemporaneidade, indo ao encontro das novas exigências de uma sociedade sedenta de afeto e compaixão”, ressalta.

O professor diz ainda que, para criar a cultura de paz, é preciso pensar na educação. Mas a educação aliada à ação. Ele cita como exemplo de teoria e prática do amor na contemporaneidade a terceira encíclica publicada pelo Papa Francisco: a ‘Fratelli Tutti’.

“Nessa obra, o Papa sinaliza para uma grande ‘revolução fraterna’, com o intuito de paralisar a exclusão social e o individualismo, convidando a grande fraternidade universal para a equidade, o que detém o elitismo e a exclusão”, cita ele.

Segundo o professor, essa ideia populariza a cultura da paz com ações simples, sem maiores problematizações.

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