Saiba quando é preciso fazer uma cirurgia laparoscópica
Os avanços tecnológicos na medicina trouxeram consigo grandes mudanças na área da cirurgia, tanto para os cirurgiões, quanto para as pacientes. À partir da década de 80 as cirurgias que eram realizadas através de grandes incisões (cortes), passaram a ter como opção uma técnica chamada de laparoscopia.
A laparoscopia é uma técnica na qual são realizados pequenos cortes no corpo do paciente, sendo um mais comumente realizado dentro do umbigo, com cerca de 1cm, e mais dois ou três na parte mais baixa do abdome (no caso da ginecologia), que medem 0,5cm. Através dos pequenos cortes são passados pequenos tubos que permitem a passagem de uma microcâmera, de alta definição, e de pinças ou instrumentos necessários para a realização da cirurgia.
Nos dias de hoje, a cirurgia laparoscópica é utilizada por praticamente todas as especialidades cirúrgicas abdominais como: cirurgias do aparelho digestivo (vesícula biliar, baço ou apêndice, fígado, pâncreas) , cirurgia bariátrica, cirurgias oncológicas para retirada de tumores intestinais, cirurgias urológicas e cirurgias ginecológicas para doenças benignas e malignas.
Pioneiro na cirurgia laparoscópica, desde 1998, o médico Alexandre Silva e Silva, especialista em ginecologia e obstetrícia, primeiro fala em quais situações a operação é sugerida. “A laparoscopia pode ser realizada em pacientes com diagnóstico de miomas uterinos, na endometriose, na remoção de cistos ovarianos, nas gestações tubárias (ectópicas), em doenças inflamatórias do aparelho reprodutor feminino (abscessos tubo-ovarianos), nos defeitos do assoalho pélvico (cirurgias para correção de prolapso, quando o útero desce e sai para fora da vagina) e incontinência urinário (incapacidade de controlar o ato de urinar); em casos de câncer de corpo uterino (câncer de endométrio), entre outras indicações”.
O médico também ressalta que as vantagens da cirurgia incluem o menor risco de infecção de parede abdominal, cicatrizes menos evidentes, menor custo com medicações, menor tempo de internação hospitalar com alta precoce e melhor recuperação pós-operatória, proporcionando que a paciente retorne às suas atividades diárias com mais rapidez.
Tempo de repouso
O período de internação das pacientes gira em torno de 24h nos casos em que não são realizadas remoções de partes do intestino, quando esse período pode estender-se por mais 3 a 5 dias. Após a alta, a paciente é encaminhada para casa, onde é recomendado um repouso relativo, durante o qual orienta-se não pegar peso, não realizar atividades do lar, porém não ficar deitada o tempo todo.
“Pequenas caminhadas em ambiente plano, sem subidas e descidas de escadas são muito bem vindos e proporcionam retomada da movimentação e funcionamento intestinal, assim como diminuem a incidência de tromboembolismo”, explica o doutor.
O médico também acrescenta que não é necessário ter uma dieta especial. A paciente pode comer aquilo que tiver vontade, mas é aconselhável evitar alimentos que produzam gases intestinais, como por exemplo: feijão, ovos, repolho). A medicação anti-inflamatória pode ser indicada nesse período, assim como medicação para dor, se necessário. “Os antibióticos são administrados durante a cirurgia e não são necessários no pós-operatório, salvo nos casos em que o motivo da cirurgia era infeccioso”, disse.
Em um período de 7 dias a paciente retorna ao consultório para avaliação e retirada de pontos e é comumente liberada para retornar às suas atividades do dia a dia, de acordo com o que ela mesma se sente confiante para fazer. “Normalmente com 7 dias liberamos as pacientes para voltar a dirigir”, finaliza o médico.
Mulheres, atente-se às principais situações e conheça os suas causas.
Miomas uterinos: São tumores benignos que surgem no útero em mulheres em idade fértil, que causa intenso desconforto como hemorragia menstrual e intensas cólicas, de difícil controle. Dor no abdômen e menstruação abundante, que não melhoram com o uso de medicamentos, são os principais sintomas.
Endometriose: É uma doença crônica que afeta mulheres em idade reprodutiva. Trata-se do crescimento do tecido endometrial fora do útero, em locais como os intestinos, ovários, trompas de falópio ou bexiga. Requer um diagnóstico médico e os sintomas mais comuns são dores e irregularidades menstruais.
Gestações tubárias: É um tipo de gestação em que o óvulo fecundado deixa de migrar para o útero e se fixa nas tubas uterinas. Se o problema não for detectado, a trompa pode romper, sendo chamada de gravidez ectópica rota, e provocar uma hemorragia interna, o que pode ser fatal.
Cistos ovarianos: É uma bolsa cheia de líquido que se forma dentro ou ao redor do ovário. A maioria dos cistos ovarianos não apresenta sintomas, mas em alguns casos, podem ocorrer irregularidades menstruais, dor durante a relação sexual ou funcionamento irregular do intestino.
Fotos do doutor Alexandre / créditos: Arquivo Pessoal
Demais imagens / créditos: Pixabay